Laura Cielavin...
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
chuva que acabou de escorrer
Laura Cielavin...
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
o empinador da pipa vermelha...
inspirado em histórias reais! =/
domingo, 12 de dezembro de 2010
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
simples assim...
Caio Fernando Abreu..
feliz aniversário para mim! ;)
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
diálogo microcontista...
-hm, escreve qualquer coisinha e pronto...
-assim?
-isso...
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
qual é o caminho?
sábado, 21 de agosto de 2010
sardinha na lata...
domingo, 15 de agosto de 2010
domingo, 1 de agosto de 2010
caralho! buceta! puta que pariu!...
Tiago Elídio...
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Viajar?
A vida é o que fazemos dela.
Fernando Pessoa...
sexta-feira, 16 de julho de 2010
*buzo = escafandrista: mergulhador que, munido de um escafandro, faz investigações ou trabalha no fundo do mar ou dos rios.
terça-feira, 6 de julho de 2010
segunda-feira, 5 de julho de 2010
terça-feira, 29 de junho de 2010
à deriva...
quarta-feira, 16 de junho de 2010
sábado, 12 de junho de 2010
sábias conversas...
sábado, 5 de junho de 2010
sexta-feira, 21 de maio de 2010
diálogos...
quarta-feira, 12 de maio de 2010
time of my life...
So take the photographs
domingo, 9 de maio de 2010
quinta-feira, 6 de maio de 2010
observações...
quarta-feira, 28 de abril de 2010
segunda-feira, 26 de abril de 2010
terça-feira, 20 de abril de 2010
cemitério de cigarros...
sexta-feira, 16 de abril de 2010
café madrileño...
segunda-feira, 12 de abril de 2010
sábado, 3 de abril de 2010
quarta-feira, 31 de março de 2010
terça-feira, 30 de março de 2010
Fábula de la sirena y los borrachos
cuando ella entró completamente desnuda
ellos habían bebido y comenzaron a escupirla
ella no entendía nada recién salía del rio
era una sirena que se había extraviado
los insultos corrían sobre su carne lisa
la inmundicia cubrió sus pechos de oro
ella no sabía llorar por eso no lloraba
no sabía vestirse por eso no se vestía
la tatuaron con cigarrillos y con corchos quemados
y reían hasta caer al suelo de la taberna
ella no hablaba porque no sabía hablar
sus ojos eran color de amor distante
sus brazos construídos de topacios gemelos
sus labios se cortaron en la luz del coral
y de pronto salió por esa puerta
apenas entró al rio quedó limpia
relució como una piedra blanca en la lluvia
y sin mirar atrás nadó de nuevo
nadó hacia nunca más hacia morir.
domingo, 28 de março de 2010
sábado, 27 de março de 2010
quinta-feira, 25 de março de 2010
quarta-feira, 24 de março de 2010
quarta-feira, 17 de março de 2010
flor...
segunda-feira, 15 de março de 2010
caminos...
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
à beira...
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
pássaros voando...
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
pájaros volando...
sábado, 6 de fevereiro de 2010
Volta com pôr do sol
Por alguma sabedoria (consciente ou não), meus companheiros de espera estavam quase todos sentados de costas para a janela. Alguns poucos, pela posição de seus assentos, teriam condição de contemplar o pôr do sol, mas não levantavam os olhos de seu notebook.
Oscar Wilde afirmava que o pôr do sol só passou a existir com as pinturas de William Turner, no começo do século 19; era um jeito de dizer que a natureza está lá desde sempre, mas é a arte que nos ensina a enxergá-la. Concordo. E há outras razões pelas quais o pôr do sol é uma experiência especificamente moderna.
Nos últimos 300 anos, atribuímos mais importância à existência individual de cada um do que à vida de grupos, tribos e nações, ou seja, salvo momentos vacilantes de fé em ressurreição ou reencarnação, nossa morte nos parece acabar com tudo o que importa. Somos, portanto, especialmente sensíveis ao fim do dia, cujo espetáculo acarreta consigo a lembrança dolorosa do fim de nossa jornada, que se aproxima.
A psicopatologia reconhece, aliás, a existência, em alguns indivíduos, de variações sazonais do humor: depressão no outono e no começo do inverno e, às vezes, exaltação maníaca na primavera. Pode ser que a alternância das estações, sobretudo onde elas são mais marcadas, longe do Equador e dos trópicos, produza mudanças no metabolismo. Mas pode ser, simplesmente, que a alternância das estações lembre o ciclo de nossa vida, e o outono seja o equivalente anual do fim da tarde de cada dia.No caso do pôr do sol de sábado, em Chicago, visto da sala de espera de um aeroporto, era como se a iminência da viagem tornasse a experiência mais triste. Por quê?
Há um quadro de Jean-François Millet, que todo mundo conhece, "O Ângelus", pintado em 1859. Nele, um casal de camponeses, no meio da lavoura, ouve os sinos do ângelus vespertino (à distância, vê-se o campanário de uma igreja). Os sinos dizem que é a hora de rezar e que o dia acabou.
Deveria emanar do quadro uma sensação intensa de paz: seu ofício cumprido, o casal logo voltará para o calor pobre, mas digno, de seu lar. Mas esse retrato de uma vida simples e reta sempre foi, para mim (e não só para mim), estranhamente aflitivo. Acontece que o ângelus vespertino é um toque de paz só para quem tem uma casa para a qual voltar. Para os outros, é o sinal melancólico de uma perda sem remédio.
Tudo bem, viajei muito. Várias vezes, ao longo da vida, mudei de língua e país, mas o que importa aqui não são os acidentes de minha história. A modernidade se define pela viagem, pela decisão de não aceitar que o lugar onde nascemos seja nosso destino -por exemplo, pela vontade de deixar o campo e ir para a cidade. É assim desde o século 13 ou 14, quando a gente começou mesmo a circular -primeiro pela Europa, depois pelos mares e por terras incógnitas e agora pelos céus e mundo afora.
Na "Divina Commedia" (que é uma enciclopédia da modernidade incipiente), Dante descreve assim o fim da tarde (minha tradução em prosa de "Purgatório, 8, 1-6"): "Já era a hora em que o desejo volta aos navegantes, e seu coração é enternecido pela lembrança do dia em que disseram adeus a seus doces amigos; é também a hora que fere de amor o novo viajante, se ele ouve de longe um sino que parece chorar o dia que está morrendo."Pelo gênio de Dante, o desejo dos navegantes não é, como se esperaria, o anseio de novas terras no horizonte de sua viagem. Claro, a viagem os seduz, mas seu desejo é nostalgia do que eles deixaram atrás, do que perderam por se tornarem viajantes.
E perderam o quê? Sobre que perdas se funda a subjetividade moderna -a nossa, livre e andarilha? Este é o custo básico da liberdade e da autonomia que prezamos acima de tudo: a gente renuncia, antes de mais nada, ao calor do lar -aquele lar que nos esperaria ao fim de cada dia, se tivéssemos ficado no campo, com os camponeses de Millet.
Alguém dirá: que drama é esse? Perde-se a casa dos pais, mas a gente faz outra. Não tem um ditado que diz: "Quem casa quer casa?".
Tem, sim, e, justamente, uma razão pela qual casar-se é tão complicado, é que a gente casa porque quer não "uma" casa, mas "aquela" casa, a que a gente perdeu e nunca vai reencontrar. Enfim, tudo isso escrito enquanto, justamente, volto para casa.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
domingo, 24 de janeiro de 2010
Saudades de não sei o quê
Pensei bem e decidi: vou largar a barra da saia da mamãe. Deixar pra trás a cama sempre arrumada, as roupas limpas, o leite no pires. Não quero mais ganhar presentes sem merecer, nem afagos a qualquer hora do dia. Me cansei dessa vida de filho único. Estou com saudades de não sei o quê; só sei que é de coisa que não vivi. Não quero mais gastar meus dias entre livros. Não quero mais perder a noção do tempo imerso num mundo que não é o meu. Preciso descobrir o que existe do outro lado; sentir o perigo perto. Quero sentir medo. Quero sentir paixão; sentir o sangue pulsando agitado da ponta dos pés às orelhas.
Quero a prova de que tudo o que ouço é verdade. Quero experimentar novos sabores… azedos demais, salgados demais, amargos… Preciso de um corte no dedo que cicatrize sem curativo. Preciso esperar no ponto por um ônibus que não vai chegar nunca; e vou olhar para o relógio mil vezes enquanto isso. E quando todas essas coisas já forem rotina para mim vou correr na chuva, chorar ouvindo uma música, pegar um resfriado, ficar na cama sentindo a solidão, esperar telefonemas que não vão acontecer.
Mas quando a felicidade me pegar de jeito, vou senti-la plenamente em cada poro, em cada célula do meu corpo. E celebrá-la, como se eu pudesse ser o último no mundo a senti-la.
Abro os braços, inspiro fundo e me lanço da janela. Quatorze metros e meio até o chão. Restam seis vidas.
Ana Angélica Martin