terça-feira, 29 de março de 2011


é outono... o chão está repleto de pequenas folhas secas... elas estão ali descansando um pouco... depois de decolarem da nave mãe, fizeram lindos voos rasantes até finalmente aterrisarem... desde então, esperavam... mas eis que chegam duas mãos e as recolhem... em seguida, um sopro... felizes, saem novamente dançando no ar... feliz, espalha coisas belas pelo mundo... vento, me leve com você...
Tiago Elídio...

Foto: Amanda Costa
http://amandacosta.com/

sexta-feira, 25 de março de 2011

Matéria de poesia...

Todas as coisas cujos valores podem ser
Disputados no cuspe da distância
Servem para poesia

O homem que possui um pente
E uma árvore
Serve para poesia

Terreno de 10x20, sujo de mato - os que
Nele gorjeiam: detritos semoventes, latas
Servem para poesia

Um chevrolé gosmento
Colecção de besouros abstémios
O bule de Braque sem boca
São bons para poesia
As coisas que não levam a nada
Têm grande importância
Cada coisa ordinária é um elemento de estima

Cada coisa sem préstimo
Tem o seu lugar
na poesia e na geral

O que se encontra em ninho de joão-ferreira:
caco de vidro, grampos,
Retratos de formatura
Servem demais para poesia

As coisas que não pretendem, como
Por exemplo: pedras que cheiram
Água, homens
Que atravessam períodos de árvore,
Se prestam para poesia

Tudo aquilo que nos leva a coisa nenhuma
E que você não pode vender no mercado
Como, por exemplo, o coração verde
Dos pássaros
Serve para poesia

As coisas que os líquenes comem
-sapatos, adjectivos-
têm muita importância para os pulmões
da poesia

Tudo aquilo que a nossa
Civilização rejeita, pisa e mija em cima,
Serve para poesia

Os loucos de água e estandarte
Servem demais
O traste é óptimo
O pobre diabo é colosso
Tudo que explique
O alicate cremoso
E o lodo das estrelas
Serve demais da conta

Pessoas desimportantes
Dão pra poesia
Qualquer pessoa ou escada

Tudo que explique
A lagartixa de esteira
E a laminação de sabiás
É muito importante para poesia

O que é bom para o lixo é bom para a poesia

Importante sobremaneira é a palavra repositório;
A palavra repositório que eu conheço bem:
Tem muitas repercussões
Como um algibe entupido de silêncio
Sabe a destroços

As coisas jogadas fora
Têm grande importância
-como um homem jogado fora

Aliás é também objecto de poesia
Saber qual o período médio
Que um homem jogado fora
Pode permanecer na terra sem nascerem
Em sua boca as raízes da escória

As coisas sem importância são bens da poesia

Pois é assim que um chevrolé gosmento chega
Ao poema, e as andorinhas de junho.

Manoel de Barros

quarta-feira, 16 de março de 2011

Cazándola

"Es la logica propia de la vida: aunque vamos cazando – día a día – somos cazados.

Dice: ¿Adónde vas, hijo? Dice: A cazar.

Así, el cazador camina. Camina por el bosque, por el campo, por la ciudad. En cada momento está dispuesto a atacar lo que busque. Lo que quiera. Lo que cruze su camino. Porque, al final, la caza no es más que azar. El azar de caminos entrecruzándose. La vida.

Dice: ¿A cazar qué, hijo? Dice: A cazar maravillas, a cazar cada momento en su niebla magica, a cazar la suerte. A cazar la vida llena y plena. A cazar para no olvidar.

Y su mira telescópica encuentra los objetos de su deseo. Tira. Otra vez tira. Se oye el sonido de su arma accionada. Y fulmina. Cada vez fulmina con ímpetu.

Dice: Pero, hijo, cuando se caza, también se mata. Dice: Sin cazar no vería la vida – y sin la muerte no vería lo magico que nos da este mundo.

Los objetos se forman, cayen de sus entornos. Son los suyos ahora. Son sus objetos, no – sus sujetos. Va a tomarles a casa, va a colgar partes de ellos en las paredes. Para no olvidar. Para ver a la vida que está captivada en ellos. Pero ellos mismos no respiran más. Han dejado toda su energía, toda su vida en el momento en que... el cazador abre la puerta de nuevo. Camina por el bosque, por el campo, por la ciudad. Busca la vida matándola. Cazándola."

Julian Tangermann...




“camino por madrid en tu compañía…” y escuchando esa canción me acuerdo de los buenos paseos por las calles madrileñas en tu compañía… “a paso lento…” tranquilos, charlando y disfrutando el momento… “como quién sabe que cuenta con la tarde entera, sin nada más que hacer que acariciar aceras…” y luego el parque acariciándonos… “ir y venir, seguir y guiar, d
ar y tener…” y sentados en los columpios, en un vaivén sincronizado… apenas sintiendo el viento en nuestras caras, tocando nuestras barbas… “dos paseantes distraídos han conseguido que el reloj de arena de la pena pare, que se despedace…” y como si estuviéramos congelados en el tiempo, sacamos fotografías de esas imágenes… que fueron impresas en nuestra memoria, formando una hermosa película… “ir por ahí como en un film de éric rohmer sin esperar que algo pase”… pero la verdad es que algo pasaba, como en un film de françois ozon… y así seguías conmigo por las calles… “te vi cambiar tu paso, hasta ponerlo en fase, en la misma fase que mi propio paso”… y en sintonía, entrecruzábamos dos mundos, entrelazándolos, haciendo lazos… “amar la trama más que al desenlace”… camino por madrid en tu compañía…

Tiago Elídio...

Foto: Tiago Elídio... Madrid...

terça-feira, 15 de março de 2011

for the great people! =)

Song about the good people

1
One knows the good people by the fact
That they get better
When one knows them. The good people
Invite one to improves them, for
How does anyone get wiser? By listening
And by being told something.

2
At the same time, however
They improve anybody who looks at them and anybody
They look at. It s not just because
We know that these people are alive are
Changing the world, that they are of use to us.

3
If one comes to them they are there.
They remember what they
Looked like when one last meet them.
However much they've changed -
For it is precisely they who change -
They have at most become more recognisable.

4
They are like a house which we helped to build
They do not force us to live there
Sometimes they do not let us.
We may come to them at any time in our smallest dimension,
but
What we bring with us we must select.

5
They know how to give reasons for their presents
If they find them thrown away they laugh.
But here too they are reliable, in that
Unless we rely on ourselves
They cannot be relied on.

6
When they make mistakes we laugh:
For if they lay a stone in the wrong place
We, by watching them, see
The right place.
Daily they earn our interest, even as they earn
Their daily bread.
They are interested in something
That is outside themselves.

7
The good people keep us busy
They don't seem to be able to finish anything by themselves
All their solutions still contais problems.
At dangerous moments on sinking ships
Suddenly we see their eyes full on us.
Though they do not entirely approve of us as we are
They are in agreement with us none the less.

(Bertolt Brecht; The Darkest Times, 1938-1941)

domingo, 13 de março de 2011

momento publicidade

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terremoto...

vários pequenos tremores sucessivos já anunciavam que isso estava prestes a acontecer... o terremoto em seu interior atingiu um nível recorde... 8,8 na sua própria escala Richter... tratava-se de fato de uma agitação extremamente forte... abalou toda a sua estrutura interior... isso ocorreu, na verdade, pois, dentro desse corpo, havia muita intensidade de emoções, que não estavam conseguindo extravasar... isso ocasionou, à princípio, os pequenos tremores... eles apenas sinalizavam o problema... mas como nada foi feito, afinal parecia que não era possível fazer realmente nada, então veio o forte abalo sísmico e o colapso... as consequências foram, portanto, devastadoras... e seu corpo permaneceu ali prostrado, caído no chão, sem reação, esperando por algum socorro externo...
Tiago Elídio...

quinta-feira, 10 de março de 2011