segunda-feira, 1 de setembro de 2008

quadrados amigos...

A.L.I.N.E diz:
bom, é isso né?
A.L.I.N.E diz:
cada um no seu quadrado
Ti.a..go... diz:
acho q sim
A.L.I.N.E diz:
rs
Ti.a..go... diz:
uhahaha

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

dialogando...

o voo estava atrasado... teria que esperar ainda mais alguns eternos minutos no aeroporto... esse lugar de intensas idas e vindas... partidas e chegadas... encontros e desencontros... alegrias e tristezas... não tinha muito o que fazer a não ser sentar e esperar... procurou alguma cadeira vazia e se acomodou... depois, pegou seu Caio Fernando Abreu na mochila e começou a ler... alguns rápidos minutos se passaram e terminou a leitura... extasiado... como era bom ler algo assim... era reconfortante e, acima de tudo, sublime... desejou que as pequenas epifanias do texto também acontecessem com ele... olhou para um lado... para o outro... nenhuma epifania à vista... então se pôs a observar as pessoas que ali também esperavam... e a imaginar como seria a vida de cada uma... uma mulher estava sorridente... talvez feliz por em breve retornar à sua casa... ou então feliz por sair de um lugar que lhe foi hostil... perto dela, estava uma outra mulher, um pouco mais velha... ao contrário da outra, estava com a cara fechada e um olhar distante... parecia não se importar muito com o que se passava ao seu redor... ou então com sua própria vida... apática e solitária... do outro lado, havia um jovem garoto... ele também estava em silêncio... além disso, tinha os olhos inchados e pequenas lágrimas sutis escorrendo face abaixo... parecia não se importar se o vissem dessa forma... nem que lhe dessem os costumeiros rótulos que costumam colocar em homens que fazem isso... talvez seu coração havia se quebrado... havia também algumas crianças correndo para lá e para cá, ainda vivendo sem se preocupar com essas questões do mundo adulto... depois, como se estivesse em frente a um espelho, começou a olhar a si mesmo... mas não teve tempo de se analisar... haviam chamado para o embarque... e assim foi, rumo à alguma epifania distante...
Tiago Elídio...

terça-feira, 26 de agosto de 2008

um pouco de caio f. abreu...

Há alguns dias, Deus — ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus —, enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor. Ou disso que chamamos, também com descuido e alguma pressa, de amor. E você sabe a que me refiro.

Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer — eu já estava lá dentro. E estar dentro daquilo era bom. Não me entenda mal — não aconteceu qualquer intimidade dessas que você certamente imagina. Na verdade, não aconteceu quase nada. Dois ou três almoços, uns silêncios. Fragmentos disso que chamamos, com aquele mesmo descuido, de "minha vida". Outros fragmentos, daquela "outra vida". De repente cruzadas ali, por puro mistério, sobre as toalhas brancas e os copos de vinho ou água, entre casquinhas de pão e cinzeiros cheios que os garçons rapidamente esvaziavam para que nos sentíssemos limpos. E nos sentíamos.

Por trás do que acontecia, eu redescobria magias sem susto algum. E de repente me sentia protegido, você sabe como: a vida toda, esses pedacinhos desconexos, se armavam de outro jeito, fazendo sentido. Nada de mal me aconteceria, tinha certeza, enquanto estivesse dentro do campo magnético daquela outra pessoa. Os olhos da outra pessoa me olhavam e me reconheciam como outra pessoa, e suavemente faziam perguntas, investigavam terrenos: ah você não come açúcar, ah você não bebe uísque, ah você é do signo de Libra. Traçando esboços, os dois. Tateando traços difusos, vagas promessas.

Nunca mais sair do centro daquele espaço para as duras ruas anônimas. Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração. Mas no quarto, quinto dia, um trecho obsessivo do conto de Clarice Lispector "Tentação" na cabeça estonteada de encanto: "Mas ambos estavam comprometidos. Ele, com sua natureza aprisionada. Ela, com sua infância impossível". Cito de memória, não sei se correto. Fala no encontro de uma menina ruiva, sentada num degrau às três da tarde, com um cão basset também ruivo, que passa acorrentado. Ele pára. Os dois se olham. Cintilam, prometidos. A dona o puxa. Ele se vai. E nada acontece.

De mais a mais, eu não queria. Seria preciso forjar climas, insinuar convites, servir vinhos, acender velas, fazer caras. Para talvez ouvir não. A não ser que soprasse tanto vento que velejasse por si. Não velejou. Além disso, sem perceber, eu estava dentro da aprendizagem solitária do não-pedir. Só compreendi dias depois, quando um amigo me falou — descuidado, também — em pequenas epifanias. Miudinhas, quase pífias revelações de Deus feito jóias encravadas no dia-a-dia.

Era isso — aquela outra vida, inesperadamente misturada à minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava: uma pequena epifania. Em seguida vieram o tempo, a distância, a poeira soprando. Mas eu trouxe de lá a memória de qualquer coisa macia que tem me alimentado nestes dias seguintes de ausência e fome. Sobretudo à noite, aos domingos. Recuperei um jeito de fumar olhando para trás das janelas, vendo o que ninguém veria.

Atrás das janelas, retomo esse momento de mel e sangue que Deus colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver: uma possibilidade de amor. Curvo a cabeça, agradecido. E se estendo a mão, no meio da poeira de dentro de mim, posso tocar também em outra coisa. Essa pequena epifania. Com corpo e face. Que reponho devagar, traço a traço, quando estou só e tenho medo. Sorrio, então. E quase paro de sentir fome.


(Publicado no jornal "O Estado de S. Paulo", 22/04/1986)

domingo, 24 de agosto de 2008

transformações...

Todo se transforma
Jorge Drexler

Tu beso se hizo calor,
luego el calor, movimiento,
luego gota de sudor
que se hizo vapor, luego viento
que en un rincón de La Rioja
movió el aspa de un molino
mientras se pisaba el vino
que bebió tu boca roja.

Tu boca roja en la mía,
la copa que gira en mi mano,
y mientras el vino caía
supe que de algún lejano
rincón de otra galaxia,
el amor que me darías,
transformado, volvería
un día a darte las gracias.

Cada uno da lo que recibe
y luego recibe lo que da,
nada es más simple,
no hay otra norma:
nada se pierde,
todo se transforma.

El vino que pagué yo,
con aquel euro italiano
que había estado en un vagón
antes de estar en mi mano,
y antes de eso en Torino,
y antes de Torino, en Prato,
donde hicieron mi zapato
sobre el que caería el vino.

Zapato que en unas horas
buscaré bajo tu cama
con las luces de la aurora,
junto a tus sandalias planas
que compraste aquella vez
en Salvador de Bahía,
donde a otro diste el amor
que hoy yo te devolvería......

Cada uno da lo que recibe
y luego recibe lo que da,
nada es más simple,
no hay otra norma:
nada se pierde,
todo se transforma.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

transpiração...

às vezes, depois de sucessivos obstáculos, o corpo vai se cansando... o bom humor acaba assim evaporando-se como as gotas de suor... essas vão aumentando cada vez mais até formarem uma grande área instável, com muitas precipitações... e chuvas de granizo começam a cair sobre a cabeça... ferindo... causando dor... desestabilizando... trata-se de uma grande tormenta que atormenta...
Tiago Elídio...

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

um poema do chileno bolaño...

LUPE

Trabajaba en la Guerrero, a pocas calles de la casa de Julián
y tenía 17 años y había perdido un hijo.
El recuerdo la hacía llorar en aquel cuarto del hotel Trébol,
espacioso y oscuro, con baño y bidet, el sitio ideal
para vivir durante algunos años. El sitio ideal para escribir
un libro de memorias apócrifas o un ramillete
de poemas de terror. Lupe
era delgada y tenía las piernas largas y manchadas
como los leopardos.
La primera vez ni siquiera tuve una erección:
tampoco esperaba tener una erección. Lupe habló de su vida
y de lo que para ella era la felicidad.
Al cabo de una semana nos volvimos a ver. La encontré
en una esquina junto a otras putitas adolescentes,
apoyada en los guardabarros de un viejo Cadillac.
Creo que nos alegramos de vernos. A partir de entonces
Lupe empezó a contarme cosas de su vida, a veces llorando,
a veces cogiendo, casi siempre desnudos en la cama,
mirando el cielorraso tomados de la mano.
Su hijo nació enfermo y Lupe prometió a la Virgen
que dejaría el oficio si su bebé se curaba.
Mantuvo la promesa un mes o dos y luego tuvo que volver.
Poco después su hijo murió y Lupe decía que la culpa
era suya por no cumplir con la Virgen.
La Virgen se llevó al angelito por una promesa no sostenida.
Yo no sabía qué decirle.
Me gustaban los niños, seguro,
pero aún faltaban muchos años para que supiera
lo que era tener un hijo.
Así que me quedaba callado y pensaba en lo extraño
que resultaba el silencio de aquel hotel.
O tenía las paredes muy gruesas o éramos los únicos ocupantes
o los demás no abrían la boca ni para gemir.
Era tan fácil manejar a la Lupe y sentirte hombre
y sentirte desgraciado. Era fácil acompasarla
a tu ritmo y era fácil escucharla referir
las últimas películas de terror que había visto
en el cine Bucareli.
Sus piernas de leopardo se anudaban en mi cintura
y hundía su cabeza en mi pecho buscando mis pezones
o el latido de mi corazón.
Eso es lo que quiero chuparte, me dijo una noche.
¿Qué, Lupe? El corazón.

Roberto Bolaño, Los Perros Románticos, 1980-1998.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

poeminhas...

para aline:

sique gritando...
sigue gritando...
gritando...
...


para júlia:

what is that in the sky?
is it a little bird? is it an airplane?
no, it's not anything of that! it's just julia!
just flying away...

muitos pontinhos...

não sei para onde estou indo... há muitos caminhos a escolher...
tornei-me uma reticência humana... e o que segue fica no ar...
Tiago Elídio...

terça-feira, 24 de junho de 2008

pra que tesoura?

estava ele tentando começar seu trabalho, mas não sabia por onde iniciar o recorte... além disso, pensava estar sem tesoura... mas depois de procurar bem, encontrou uma... porém era demasiado pequena... o material era muito grande e não a suportava tão bem... começou então a picotar... depois resolveu rasgar um pedaço aqui, outro ali... em seguida, pegou um pedaço que estava perdido e o colou naquele lugar que estava sem nada... e assim conseguiu... veja como ficou bonito...
Tiago Elídio...

dedicado à Julia! =)

sexta-feira, 20 de junho de 2008

lucky night...

Castle-Time
Chris Garneau

Men doing men thing times
chewing candy and tabacco lines
drinkin heart puned pints
tossing nikels and dimes

Their lookin for an exit signs
their lookin for a lucky night
the darken and boring ryhmes
damn their keeping up old times

My teacher died, even the frying pan cried,
rain fell slowly according to castle-time,
i was only nine

I lookin for an exit signs
i was lookin for a lucky night
and my darken and boring ryhmes
well face it were living in war times

Lets cry about you
lets cry about you, you can't
cry about you

Dont be embaressed
i'wont laugh at you

The river flows north and wines
travelling south you head wind time
the passers by are not kind
but the sky is sublime

Yeah, yeah, yeah, yeah

quarta-feira, 18 de junho de 2008

disneylandia...

Disneylandia
Jorge Drexler


Composição: Arnaldo Antunes / Titâs

Hijo de inmigrantes rusos casado en Argentina con una pintora judía, se casa por segunda vez con una princesa africana en Méjico.
Música hindú contrabandeada por gitanos polacos se vuelve un éxito en el interior de Bolivia.
Cebras africanas y canguros australianos en el zoológico de Londres.
Momias egipcias y artefactos incas en el Museo de Nueva York.
Linternas japonesas y chicles americanos en los bazares coreanos de San Pablo.
Imágenes de un volcán en Filipinas salen en la red de televisión de Mozambique.

Armenios naturalizados en Chile buscan a sus familiares en Etiopía.
Casas prefabricadas canadienses hechas con madera colombiana.
Multinacionales japonesas instalan empresas en Hong-Kong y producen con materia prima brasilera para competir en el mercado americano.
Literatura griega adaptada para niños chinos de la Comunidad Europea.
Relojes suizos falsificados en Paraguay vendidos por camellos en el barrio mejicano de Los Ángeles.
Turista francesa fotografiada semidesnuda con su novio árabe en el barrio de Chueca.

Pilas americanas alimentan electrodomésticos ingleses en Nueva Guinea.
Gasolina árabe alimenta automóviles americanos en África del Sur.
Pizza italiana alimenta italianos en Italia.
Niños iraquíes huídos de la guerra no obtienen visa en el consulado americano de Egipto para entrar en Disneylandia.


nacionalidades, fronteiras, barreiras... o mundo seria muito melhor sem tudo isso...

terça-feira, 17 de junho de 2008

tudo passa?

(...) Tudo passa? Nada passa!
É isso que ninguém tem coragem de nos dizer. A dor da perda, a dor de fracassar, a dor de não corresponder a uma expectativa, a dor de uma saudade, a dor de não saber como agir, de estar perdida, instável, de ter dúvidas na hora de fazer uma escolha, todas estas dores, que parecem pequenas para quem está de fora, nos acompanharão até o fim dos nossos dias. Elas não passam. Elas ficam. Elas aninham-se dentro da gente, o que não deve servir de motivo para pularmos de uma ponte. Mario Quintana escreveu que nós somos o que temos e o que sofremos. Sem dor, sem vida interior.
Não passam as dores, também não passam as alegrias. Tudo o que nos fez feliz ou infeliz serve para montar o quebra-cabeça da nossa ida, um quebra-cabeça de cem mil peças. Aquela noite que você não conseguiu parar de chorar, aquele dia que você ficou caminhando sem saber para onde ir, aquele beijo cinematográfico que você recebeu, aquela visita surpresa que ela lhe fez, o parto do seu filho, a bronca do seu pai, a demissão injusta, o acidente que lhe deixou cicatrizes, tudo isso vai, aos pouquinhos, formando quem você é. Não há nenhuma peça que não se encaixe. Todas são aproveitáveis. Como são muitas, você pode esquecer de algumas, e a isso chamamos de "passou". Não passou. Está lá dentro, meio perdida, mas quando você menos esperar, ela será necessária para você completar o jogo e se enxergar por inteiro.
(Martha Medeiros)

lindo texto enviado por minha linda amiga Aline! =)

quinta-feira, 12 de junho de 2008

- telesp informa... esse número de telefone não existe... tu tu tu...
- mas como não??, pensou ele, ainda com a ilusão de que havia discado errado... tentou então mais uma vez...
- telesp informa...
- maldita!! cala a boca!! como não existe se foi esse o número que ele me passou!?!?... não conseguia acreditar que havia lhe passado o telefone errado... que não queria mais vê-lo... falar com ele... que havia lhe enganado... feito-o de idiota....
que tudo tinha sido em vão... e assim, continuou se afundando cada vez mais em seus pensamentos e maldizendo a mulher da gravação desatualizada da empresa telefônica...
- "telesp informa...", repetiu para si, como um palhaço no circo... no fundo, era como estava se sentindo, um grande palhaço... bem sem graça... inútil... sem público...
trimmm... trimmm....
- maldito telefone!!, gritou assustado e contrariado... alô!!...
- oi, tudo bem?... sou eu... então... depois que você se foi, percebi que tinha te passado meu número
antigo, que não existe mais...

Tiago Elídio...

terça-feira, 10 de junho de 2008

gotas...

às vezes uma grande área de instabilidade se forma... nuvens extremamente carregadas e acinzentadas... não há nada o que fazer... dentro de instantes milhares de gotas irão cair... não há como evitá-las... pelo menos assim impede-se que algo de maior magnitude aconteça... mas nenhuma capa ou guarda-chuva ajuda a proteger dessa tempestade... é necessário deixar que caiam todas as gotas e esperar que a nebulosidade desapareça...
Tiago Elídio...

quinta-feira, 5 de junho de 2008

saudade...

aquele aperto no peito pela falta de algo bom que já não há mais...

saudades de pessoas
e momentos...