sexta-feira, 7 de outubro de 2011

a intrigante morte de cristina fernandes...

vivia sem rumo... andava como uma barata tonta pelas ruas, perdida... gostava de vagar sozinha à noite, quando já não havia mais quase ninguém andando por aí... preferia assim, sem ninguém que a pudesse importunar, pois, na verdade, a recriminavam bastante... olhavam para ela com cara de nojo quando a viam zanzando, mexendo nos lixos, buscando restos de comida... e sempre lhe viravam a cara quando passavam por ela... mas ela não ligava muito, continuava firme e forte nesse ritual todas as noites... assim, quando notava a presença de alguém, preferia evitar chateações desnecessárias, e tentava se esconder... muitas vezes passava realmente despercebida, pois para os outros ela era apenas um ser sujo, imundo, confundido com o próprio lixo... uma noite, sem se dar conta, por instinto, entrou na casa de alguém... estava tudo apagado e tranquilo... entrou de fininho, sem interromper o silêncio do local... e mais uma vez agindo instintivamente, foi parar na cozinha, pois estava com muita fome... mas logo que adentrou esse novo ambiente, sentiu-se zonza e, de repente, não viu mais nada... escuridão total... no dia seguinte, foi encontrada pelo morador da casa... quando a viu ali em sua cozinha, morta, virada com os membros para cima, achou estranho, mas não se assustou... apenas ficou intrigado sobre como esse pequeno ser asqueroso havia surgido do nada em sua cozinha... ficou ali parado por um tempo, imaginando como essa barata havia chegado ali e morrido... mas não iria descobrir nunca... sobre a intrigante morte de cristina fernandes...
Tiago Elídio...

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

terça-feira, 2 de agosto de 2011

tinha uma pedra...
















No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Carlos Drummond de Andrade...

segunda-feira, 18 de julho de 2011

"tantas copas que beber, tantas vidas que vivir, tanta experiencia que tener..."
traduccion libre de una traduccion libre de un poeta chino. dicho de hesse, alemania.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

hoje havia acordado com cara de enterro... meu próprio enterro... havia sido uma noite horrível... mal dormida, com lágrimas escorrendo minuto a minuto... pensamento pesado, enuviado, como se pairasse sobre a cabeça uma chuva ácida corrosiva... e, com a aurora, o luto... a difícil aceitação de que estava morto... de que o coração não batia havia tempo... cortar os pulsos, de fato, não adiantava, pois dali não sairia sangue algum... já não pulsava mais vida nesse ser... já não existia mais nada... sequer uma brisa interior, uma esperança... e depois da enxurrada expelida para fora desse globo ocular, os olhos foram se fechando lentamente, levando a uma outra dimensão... quando voltei a abri-los, já havia sido enterrado...
Tiago Elídio...

quinta-feira, 16 de junho de 2011

no meio do caminho, havia um pão...

no meio do caminho, encontrou um pão... a princípio, não sabia muito bem o que fazer com ele... tinha uma aparência bem gostosa... mas teve um certo receio em comê-lo... no entanto, depois de apalpá-lo e cheirá-lo bem, resolveu arriscar... e, realmente, era como se o pãozinho fosse um presente dos deuses... era verdadeiramente delicioso... logo depois de algumas mordidas, já não havia mais pão... ficaram apenas algumas migalhas grudadas em seu corpo... tentou procurar outros, mas, no meio do caminho, já não havia mais pão... seguiu então seu rumo, mas não conseguiu se esquecer do bendito pão... depois de algum tempo, saudoso daquele momento de prazer que havia vivido, resolveu tentar recriar o alimento... não sabia a receita, mas tentou fazer da melhor maneira possível... colocou fermento e deixou repousar... mas não conseguia deixar de fitar aquela massa... estava tão impaciente e ansioso, querendo reviver o momento, que começou a beliscá-la... ela ainda estava em processo de fermentação... entre um pedacinho e outro, sem se dar conta, havia digerido tudo aquilo que ainda não era... nem nunca seria... aquele pão... e havia ficado entalado no estômago... não conseguiu, portanto, recriar aquele pão que encontrou no meio do caminho... ele havia ficado, de fato, no meio do caminho...
Tiago Elídio...

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Condenados - no meu país, minha sexualidade é um crime...

"Atualmente, a homossexualidade é condenada em cerca de 80 países.

Graças à internet e seus sites de encontro, o contato com homens e mulheres de qualquer lugar do mundo é possível, mesmo nestes países onde as minorias sexuais são criminal
izadas pela força da lei.
Movido por essa constatação, senti então a vontade de realizar um trabalho sobre autorretratos, reunindo fotos de homossexuais que escondem seus rostos.

Meu objetivo era propagar informações sobre as terríveis ameaças que homens e mulheres, nestas condições, enfrentam em diversos países, apresentando suas fotografias, juntamente com depoimentos pessoais e as leis que vigoram em cada localidade.

Para iniciar meu contato virtual e convencer todas as pessoas aqui apresentadas, defini como regra primeira incluir apenas aqueles internautas de sites de relacionamento que estivessem conectados ao mesmo tempo em que eu.Isso explica a ausência de autorretratos femininos. Como a relação que adquiri com estas pessoas se baseava na confiança frente ao risco que assumiram concordando em participar deste projeto, jamais poderia mentir e me fazer passar por uma mulher, cadastrando-me em um site de encontros para lésbicas.

Ao contatar cada participante, eu sempre pedia os mesmos elementos:

- a inicial do nome, a idade e a cidade de residência;
- uma foto com o rosto escondido;
- um depoimento pessoal;
- a frase "No meu país, minha sexualidade é um crime" em sua língua materna.
Logo em seguida eles estavam livres para interpretar minhas solicitações. A única recomendação precisa e clara que fiz era a de que eles não deveriam ser reconhecidos, a fim de garantir a sua segurança.
Os homossexuais, homens e mulheres, nascidos ou residentes em um país onde sua sexualidade é um crime, vivem como condenados.

Podemos dizer que a internet, enquanto janela aberta para o mundo, ao menos um pouco, conseguiu transformar suas existências."

Philippe Castetbon

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No Brasil, a homossexualidade não é condenada pelo Código Penal. No entanto, nos últimos tempos, inúmeros casos de preconceito e violência contra homossexuais ocorreram em nosso país. Alguns exemplos ilustram bem essa situação, como o de jovens que foram espancados na Avenida Paulista, em São Paulo, e o do homem que foi baleado por um militar no dia da Parada Gay do Rio de Janeiro. Felizmente, não foram mortos. Mas isso não é o que ocorre com muitos gays, lésbicas, transexuais e travestis Brasil afora. Só no ano passado, segundo levantamento do Grupo Gay da Bahia, 250 pessoas foram assassinadas em razão da sua sexualidade. É um número que cresce ano a ano. Existe a tentativa de instaurar a lei contra a homofobia, mas ela sofre grande resistência por parte dos parlamentares, sendo que alguns, ao invés de lutarem por um país mais justo e igualitário, não perdem a oportunidade de fazer declarações homofóbicas. No entanto, a decisão do Supremo Tribunal Federal de reconhecer a união estável entre pessoas do mesmo sexo foi um importante passo na luta por reconhecimento e respeito, pois essa realidade de perseguição e preconceito não está somente nos países que condenam a homossexualidade. Ela também está presente e é muito forte em nosso país.

Tiago Elídio...

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Exposição internacional de fotografias de 50 países onde a homossexualidade é proibida por lei. Autorretratos de homens que vivem sob este pesar em conjunto com seus depoimentos e as leis que vigoram em cada localidade.

21/05 a 17/07 - Exposição
21 e 22 de MAIO às 12h: visitas guiadas com o curador
JUNHO: ciclo de debates
JULHO: lançamento do livro

CAIXA Cultural São Paulo
Praça da Sé, 111 - Centro - São Paulo – SP

www.exposicaocondenados.com.br

terça-feira, 29 de março de 2011


é outono... o chão está repleto de pequenas folhas secas... elas estão ali descansando um pouco... depois de decolarem da nave mãe, fizeram lindos voos rasantes até finalmente aterrisarem... desde então, esperavam... mas eis que chegam duas mãos e as recolhem... em seguida, um sopro... felizes, saem novamente dançando no ar... feliz, espalha coisas belas pelo mundo... vento, me leve com você...
Tiago Elídio...

Foto: Amanda Costa
http://amandacosta.com/

sexta-feira, 25 de março de 2011

Matéria de poesia...

Todas as coisas cujos valores podem ser
Disputados no cuspe da distância
Servem para poesia

O homem que possui um pente
E uma árvore
Serve para poesia

Terreno de 10x20, sujo de mato - os que
Nele gorjeiam: detritos semoventes, latas
Servem para poesia

Um chevrolé gosmento
Colecção de besouros abstémios
O bule de Braque sem boca
São bons para poesia
As coisas que não levam a nada
Têm grande importância
Cada coisa ordinária é um elemento de estima

Cada coisa sem préstimo
Tem o seu lugar
na poesia e na geral

O que se encontra em ninho de joão-ferreira:
caco de vidro, grampos,
Retratos de formatura
Servem demais para poesia

As coisas que não pretendem, como
Por exemplo: pedras que cheiram
Água, homens
Que atravessam períodos de árvore,
Se prestam para poesia

Tudo aquilo que nos leva a coisa nenhuma
E que você não pode vender no mercado
Como, por exemplo, o coração verde
Dos pássaros
Serve para poesia

As coisas que os líquenes comem
-sapatos, adjectivos-
têm muita importância para os pulmões
da poesia

Tudo aquilo que a nossa
Civilização rejeita, pisa e mija em cima,
Serve para poesia

Os loucos de água e estandarte
Servem demais
O traste é óptimo
O pobre diabo é colosso
Tudo que explique
O alicate cremoso
E o lodo das estrelas
Serve demais da conta

Pessoas desimportantes
Dão pra poesia
Qualquer pessoa ou escada

Tudo que explique
A lagartixa de esteira
E a laminação de sabiás
É muito importante para poesia

O que é bom para o lixo é bom para a poesia

Importante sobremaneira é a palavra repositório;
A palavra repositório que eu conheço bem:
Tem muitas repercussões
Como um algibe entupido de silêncio
Sabe a destroços

As coisas jogadas fora
Têm grande importância
-como um homem jogado fora

Aliás é também objecto de poesia
Saber qual o período médio
Que um homem jogado fora
Pode permanecer na terra sem nascerem
Em sua boca as raízes da escória

As coisas sem importância são bens da poesia

Pois é assim que um chevrolé gosmento chega
Ao poema, e as andorinhas de junho.

Manoel de Barros

quarta-feira, 16 de março de 2011

Cazándola

"Es la logica propia de la vida: aunque vamos cazando – día a día – somos cazados.

Dice: ¿Adónde vas, hijo? Dice: A cazar.

Así, el cazador camina. Camina por el bosque, por el campo, por la ciudad. En cada momento está dispuesto a atacar lo que busque. Lo que quiera. Lo que cruze su camino. Porque, al final, la caza no es más que azar. El azar de caminos entrecruzándose. La vida.

Dice: ¿A cazar qué, hijo? Dice: A cazar maravillas, a cazar cada momento en su niebla magica, a cazar la suerte. A cazar la vida llena y plena. A cazar para no olvidar.

Y su mira telescópica encuentra los objetos de su deseo. Tira. Otra vez tira. Se oye el sonido de su arma accionada. Y fulmina. Cada vez fulmina con ímpetu.

Dice: Pero, hijo, cuando se caza, también se mata. Dice: Sin cazar no vería la vida – y sin la muerte no vería lo magico que nos da este mundo.

Los objetos se forman, cayen de sus entornos. Son los suyos ahora. Son sus objetos, no – sus sujetos. Va a tomarles a casa, va a colgar partes de ellos en las paredes. Para no olvidar. Para ver a la vida que está captivada en ellos. Pero ellos mismos no respiran más. Han dejado toda su energía, toda su vida en el momento en que... el cazador abre la puerta de nuevo. Camina por el bosque, por el campo, por la ciudad. Busca la vida matándola. Cazándola."

Julian Tangermann...




“camino por madrid en tu compañía…” y escuchando esa canción me acuerdo de los buenos paseos por las calles madrileñas en tu compañía… “a paso lento…” tranquilos, charlando y disfrutando el momento… “como quién sabe que cuenta con la tarde entera, sin nada más que hacer que acariciar aceras…” y luego el parque acariciándonos… “ir y venir, seguir y guiar, d
ar y tener…” y sentados en los columpios, en un vaivén sincronizado… apenas sintiendo el viento en nuestras caras, tocando nuestras barbas… “dos paseantes distraídos han conseguido que el reloj de arena de la pena pare, que se despedace…” y como si estuviéramos congelados en el tiempo, sacamos fotografías de esas imágenes… que fueron impresas en nuestra memoria, formando una hermosa película… “ir por ahí como en un film de éric rohmer sin esperar que algo pase”… pero la verdad es que algo pasaba, como en un film de françois ozon… y así seguías conmigo por las calles… “te vi cambiar tu paso, hasta ponerlo en fase, en la misma fase que mi propio paso”… y en sintonía, entrecruzábamos dos mundos, entrelazándolos, haciendo lazos… “amar la trama más que al desenlace”… camino por madrid en tu compañía…

Tiago Elídio...

Foto: Tiago Elídio... Madrid...

terça-feira, 15 de março de 2011

for the great people! =)

Song about the good people

1
One knows the good people by the fact
That they get better
When one knows them. The good people
Invite one to improves them, for
How does anyone get wiser? By listening
And by being told something.

2
At the same time, however
They improve anybody who looks at them and anybody
They look at. It s not just because
We know that these people are alive are
Changing the world, that they are of use to us.

3
If one comes to them they are there.
They remember what they
Looked like when one last meet them.
However much they've changed -
For it is precisely they who change -
They have at most become more recognisable.

4
They are like a house which we helped to build
They do not force us to live there
Sometimes they do not let us.
We may come to them at any time in our smallest dimension,
but
What we bring with us we must select.

5
They know how to give reasons for their presents
If they find them thrown away they laugh.
But here too they are reliable, in that
Unless we rely on ourselves
They cannot be relied on.

6
When they make mistakes we laugh:
For if they lay a stone in the wrong place
We, by watching them, see
The right place.
Daily they earn our interest, even as they earn
Their daily bread.
They are interested in something
That is outside themselves.

7
The good people keep us busy
They don't seem to be able to finish anything by themselves
All their solutions still contais problems.
At dangerous moments on sinking ships
Suddenly we see their eyes full on us.
Though they do not entirely approve of us as we are
They are in agreement with us none the less.

(Bertolt Brecht; The Darkest Times, 1938-1941)

domingo, 13 de março de 2011

momento publicidade

REVISÃO DE TEXTOS, TRADUÇÕES ESPANHOL E FRANCÊS, FOTOGRAFIA, AULAS DE PORTUGUÊS PARA ESTRANGEIROS...
precisando desses serviços, pode me contactar!

terremoto...

vários pequenos tremores sucessivos já anunciavam que isso estava prestes a acontecer... o terremoto em seu interior atingiu um nível recorde... 8,8 na sua própria escala Richter... tratava-se de fato de uma agitação extremamente forte... abalou toda a sua estrutura interior... isso ocorreu, na verdade, pois, dentro desse corpo, havia muita intensidade de emoções, que não estavam conseguindo extravasar... isso ocasionou, à princípio, os pequenos tremores... eles apenas sinalizavam o problema... mas como nada foi feito, afinal parecia que não era possível fazer realmente nada, então veio o forte abalo sísmico e o colapso... as consequências foram, portanto, devastadoras... e seu corpo permaneceu ali prostrado, caído no chão, sem reação, esperando por algum socorro externo...
Tiago Elídio...

quinta-feira, 10 de março de 2011

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

"pues, creo que hay horas con magia - las dos es una hora así... no estás durmiendo pero no despertado tampoco... estos mundos entre la luz y la sombra tienen su propia lógica..."
Julian Tangermann...