estava paralisado como uma estátua… mas seu coração ainda pulsava fortemente… do alto daquele edifício, refletia sobre sua vida… o céu estava lindo aquele dia… azul e belo, com algumas nuvens que o enfeitavam… o vento batia no seu rosto e lágrimas escorriam dos seus olhos… sentia-se oprimido, triste, desanimado, sem vida… já não suportava mais tanta tristeza… acreditava que era hora de dar um ponto final nisso tudo… o preconceito havia começado quando ainda era criança… na escola, coleguinhas usavam nomes feios para se referir a ele… para se defender, isolava-se dos demais e ficava no seu canto, desanimado, sem vida… depois, na adolescência, também não havia passado pelas descobertas decorrentes da explosão hormonal… ao invés de sair para paquerar com os amigos, ficava trancado em seu quarto, desanimado, sem vida… com seus pais, a relação também não era muito boa… viviam em mundos muito distintos, e não conseguiam se entender… assim, não havia muito diálogo… e não tinha irmãos, o que o deixava completamente sozinho, preso aos seus monólogos interiores, desanimado, sem vida… todas essas imagens do passado transitavam por sua cabeça… e lá embaixo, os transeuntes caminhavam apressados de um lado para outro… ao contrário de antes, ninguém o apontava mais, afinal ninguém o notava ali… já não tinha mais forças para continuar lutando… a única energia que lhe restava foi usada para um impulso final… então se jogou… não se sabe se bateu asas e voou… ou se acordou de um pesadelo… o que se sabe é que essa história terminava ali…
Tiago Elídio...
Foto: Tiago Elídio...
Publicado originalmente na edição número 2 da revista Qüir de Portugal.
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