segunda-feira, 30 de julho de 2012

“Viajar é uma brutalidade. Te força a confiar em estranhos, a se perder do conforto familiar do lar e dos amigos. A estar em constante desequilíbrio. Nada é seu, exceto as coisas essenciais - ar, sono, sonhos, o mar, o céu - tudo coisas que tendem para o eterno ou para o que imaginamos como tal”.

"Viaggiare è una brutalità. Obbliga ad avere fiducia negli stranieri e a perdere di vista il comfort familiare della casa e degli amici. Ci si sente costantemente fuori equilibrio. Nulla è vostro, tranne le cose essenziali - l’aria, il sonno, i sogni, il mare, il cielo - tutte le cose tendono verso l’eterno o ciò che possiamo immaginare di esso."

Cesare Pavese

quinta-feira, 19 de julho de 2012

"[...] para mim, pessoas mesmo são os loucos, os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo agora, aqueles que nunca bocejam e jamais falam chavões, mas queimam, queimam, queimam como fabulosos fogos de artifício explodindo como constelações em cujo centro fervilhante - pop! -  pode-se ver um brilho azul e intenso até que todos "aaaaaaah!". [...]"

----------------------------------------------------------------------------------------------------

"[...] the only people for me are the mad ones, the ones who are mad to live, mad to talk, mad to be saved, desirous of everything at the same time, the ones who never yawn or say a commonplace thing, but burn, burn, burn, like fabulous yellow roman candles exploding like spiders across the stars and in the middle you see the blue centerlight pop and everybody goes "Awww!”. [...]" 

Jack Kerouac... On The Road...

quinta-feira, 10 de maio de 2012


"¿Qué es la vida? Un frenesí.
¿Qué es la vida? Una ficción,
una sombra, una ilusión,
y el mayor bien es pequeño;
que toda la vida es sueño,
y los sueños, sueños son."
Pedro Calderón de la Barca

terça-feira, 20 de março de 2012

Eu, Pierre Seel, Deportado Homossexual

Este é o essencial e surpreendente testemunho do único deportado homossexual francês que contou a sua história.

Pierre Seel lembra-se da deportação nos campos nazistas, a tortura e a humilhação, depois o alistamento forçado... ― como alsaciano ― no exército alemão, o front do leste, a fuga e a captura pelos russos.

Lembra-se também do retorno da guerra: o muro de reprovação erguido diante dele, a homossexualidade inconfessável, a decisão de levar uma existência "como os outros", o casamento e a vida regrada.

O que foi preciso para que ele, em um belo dia de abril de 1982, escolhesse quebrar essa aparência e para que seu longo silêncio se transformasse em um longo combate pela verdade?

Nesse relato de uma vida desfeita, lemos a confissão pungente de um homem que queria, simplesmente, que a justiça fosse feita.

-------------------------------------------

"Eu, Pierre Seel, Deportado Homossexual"
Cassará Editora
Lançamento dia 22/03/2012, às 17h30
Livraria Travessa - Rua 7 de Setembro, 54, Centro
Rio de Janeiro - RJ

domingo, 4 de março de 2012

pouso forçado...










Foto:
Otavio
Ranzani...



voavam lindamente pelos céus... livres, leves, soltas, como dizem... em dado momento do voo, perceberam que estavam ficando sem combustível... precisavam fazer um pouso de emergência para reabastecer... na verdade, não estavam com muita vontade de aterrisar, mas não tiveram escolha... e como um bom casal monogâmico, desceram as duas juntas... a pista estava um pouco molhada e, por isso, desceram com cautela... mas não tiveram nenhum problema... além disso, o ambiente estava livre de outros seres indesejáveis... tão logo atingiram o sólo, dirigiram-se à fonte de água que estava ali próxima... uma bicadinha aqui, uma bicadinha ali... uma bicadinha em uma, uma bicadinha na outra, uma bicadinha de volta na água... um carinho em uma, um carinho na outra, um carinho na água... e assim sucessivamente até atingir o nível máximo de completude... depois, puseram-se a correr e alçaram voo... livres, leves, soltas...
Tiago Elídio...

sábado, 4 de fevereiro de 2012

mundos que se cruzan...

desde el alto de la ciudad, a los pies del castillo, miraba las casitas cubiertas con nieve... la temperatura estaba muy baja... pero no sabía decir al cierto si lo que sentía era frío o angústia... tal vez los dos... sentía que no formaba parte de ese mundo... pero tampoco a lo de su lugar de origen... se sentía desubicado... lágrimas deslizaban bajo su rostro... tampoco sabía si por el frío o por angústia... quizás los dos... estaba congelado... no podía moverse... no sabía que dirección tomar... tal vez lo que necesitaba era de una persona que le serviera de guía... pero no sabía donde podría encontrarla... no parecía haber nadie cerca... todo estaba vacío... era como un desierto de hielo... y, en su cabeza, algunos mirajes... de pronto, siente una mano en su ombro...
Tiago Elídio...

domingo, 4 de dezembro de 2011

Etapas

se toda a flor fenece e ser jovem abre caminho a envelhecer
também etapas, sabedoria e virtudes florescem
a seu tempo, sem permissão para sempre permanecer.
o coração precisa estar pronto para despedida
a cada chamado da vida e recomeço;
corajoso, sem tristeza, vai se entregar
a novos e diferentes laços, pois
Começos abrigam magia protetora
que nos ajuda a viver.

E cada novo espaço é para percorrer com mais ânimo
sem qualquer apego às paisagens que oferece.
A alma do mundo não nos quer para aprisionar, restringir
e sim a cada etapa elevar, expandir.
mal nos sentimos em casa e no conforto
de uma fase da vida, nos ameaça a sonolência -
só quem está pronto para irromper e partir
pode se desprender dos hábitos de paralisia.

talvez ainda a hora de morrer
nos traga mais paisagens, espaços, pois
a voz da vida em nós não cessa.
Então abraça a despedida, coração,
e te refaz.

---------------------------------------------------

Stufen

Wie jede Blüte welkt und jede Jugend
Dem Alter weicht, blüht jede Lebensstufe,
Blüht jede Weisheit auch und jede Tugend
Zu ihrer Zeit und darf nicht ewig dauern.
Es muß das Herz bei jedem Lebensrufe
Bereit zum Abschied sein und Neubeginne,
Um sich in Tapferkeit und ohne Trauern
In andre, neue Bindungen zu geben.
Und jedem Anfang wohnt ein Zauber inne,
Der uns beschützt und der uns hilft, zu leben.

Wir sollen heiter Raum um Raum durchschreiten,
an keinem wie an einer Heimat hängen,
der Weltgeist will nicht fesseln uns und engen,
er will uns Stuf' um Stufe heben, weiten!
Kaum sind wir heimisch einem Lebenskreise
Und traulich eingewohnt, so droht Erschlaffen,
Nur wer bereit zu Aufbruch ist und Reise,
Mag lähmender Gewöhnung sich entraffen.

Es wird vielleicht auch noch die Todesstunde
Uns neuen Räumen jung entgegen senden,
Des Lebens Ruf an uns wird niemals enden...
Wohlan denn, Herz, nimm Abschied und gesunde!

Herman Hesse

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

-- zwischen himmel und erde --

flying inbetween worlds
lying inbetween words

like the ones you spoke
like the ones i heared
like the ones we belonged to without wanting to see

the first time we met, having sealed our lives
, opening our hearts...
you flew my way
not seeing my world

i touched your soul, you said,
with the tip of my wing

angelic, you thought...
angelic, i said...

yet angels only fly in the realms known to us
angels only fly in the realms of magic...

we flew
where humans dwell
where humans kill.

but how could we know?
we were the doves we were...
the flying souls we promissed ourselves to be...
our flight continued furiously, passionate, loving, full of strength, full of desire...

viewing the world from up above...

soaring together as we were...

jumping off rooftops...
drinking from star drops...
landing in wild crops...
denying all stops...

when i looked up,
it was you i saw,
soaring...

when you looked up,
it was me you saw,
letting the wind guid me towards you...

meeting you made me breath the liberty of love,
smiling...
then: hit - pain - black - falling - deep - sadness - without - halt - end

from the corner of my eye i see you
turning towards me...
trying to save me...
to fly me away...

...as it hits you as well
and you fall.

and endlessly unreachable becomes the sky
and endlessly unreachable becomes the hight
and endlessly unreachable becomes the pleasure of your company.

every time i see doves, see their majestical, magical wings flying around - these thoughts come up. i stand. i imagine. i feel you. i see you.

then i will sweep these memories from my eye. i will pick up my bags again. i will

go home. i will kiss the forehead of my daughter. i will hug my son. i will greet my husband. i will cook. i will eat with my family. the rice will be good, but the meat will be excellent. the doves were shot just yesterday, the butcher said...

Julian Tangermann

Foto: Julian Tangermann. Berlin. 2011.
















la amiga de las palomas...

todos los días por la tarde, tiene un compromiso con sus amigas, las señoras palomas... las señoras y también las señoritas, pues en verdad hay algunas que todavía no han casado... es cierto que también hay los señores, pero nadie les llama palomos, así que confunden su género... pero la señora de las palomas sabía distinguir a todas y todos... incluso les había nombrado... les había dado nombres muy cariñosos y distintos... además de amiga, se sentía como si fuera su madrina... y como una buena amiga y madrina, todos los días las íba a ver... y llevar comida, por supuesto... no eran simples migas de pan, como suele darles la gente común... siendo una verdadera amiga, conocía muy bien sus gustos... así que les llevaba las más diversas delicias... y entonces, trás entregarles su regalo alimentario, se sentaba para charlar un poco de la vida... no de la suya, pues no le pasaba muchas cosas... vivía sola en su casa, sin amantes, sin niños, sin mascotas... pero estaba enterada de los problemas del mundo... leía los periódicos todos los días por la mañana y miraba a la tele todas las tardes... entonces les contaba de las últimas para que se quedaran enteradas también... a veces se quejaba de lo que pasaba en el mundo... en su tiempo no era así, les decía... así que estaba bueno salir por la tarde, encontrar sus amigas palomas, charlar con ellas y relajar un rato... todas la escuchaban con mucha atención, cuando no estaban recogendo la comida, es cierto... y estaban de acuerdo, claro... también les comentaba sobre sus romances, es decir, los libros que leía por la noche antes de dormir, antes de concluir su día... pues tras el placentero encuentro con sus palomitas, volvía contenta a la casa... ansiosa por verlas de nuevo al día siguiente...

Tiago Elídio...

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

a intrigante morte de cristina fernandes...

vivia sem rumo... andava como uma barata tonta pelas ruas, perdida... gostava de vagar sozinha à noite, quando já não havia mais quase ninguém andando por aí... preferia assim, sem ninguém que a pudesse importunar, pois, na verdade, a recriminavam bastante... olhavam para ela com cara de nojo quando a viam zanzando, mexendo nos lixos, buscando restos de comida... e sempre lhe viravam a cara quando passavam por ela... mas ela não ligava muito, continuava firme e forte nesse ritual todas as noites... assim, quando notava a presença de alguém, preferia evitar chateações desnecessárias, e tentava se esconder... muitas vezes passava realmente despercebida, pois para os outros ela era apenas um ser sujo, imundo, confundido com o próprio lixo... uma noite, sem se dar conta, por instinto, entrou na casa de alguém... estava tudo apagado e tranquilo... entrou de fininho, sem interromper o silêncio do local... e mais uma vez agindo instintivamente, foi parar na cozinha, pois estava com muita fome... mas logo que adentrou esse novo ambiente, sentiu-se zonza e, de repente, não viu mais nada... escuridão total... no dia seguinte, foi encontrada pelo morador da casa... quando a viu ali em sua cozinha, morta, virada com os membros para cima, achou estranho, mas não se assustou... apenas ficou intrigado sobre como esse pequeno ser asqueroso havia surgido do nada em sua cozinha... ficou ali parado por um tempo, imaginando como essa barata havia chegado ali e morrido... mas não iria descobrir nunca... sobre a intrigante morte de cristina fernandes...
Tiago Elídio...

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

terça-feira, 2 de agosto de 2011

tinha uma pedra...
















No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Carlos Drummond de Andrade...

segunda-feira, 18 de julho de 2011

"tantas copas que beber, tantas vidas que vivir, tanta experiencia que tener..."
traduccion libre de una traduccion libre de un poeta chino. dicho de hesse, alemania.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

hoje havia acordado com cara de enterro... meu próprio enterro... havia sido uma noite horrível... mal dormida, com lágrimas escorrendo minuto a minuto... pensamento pesado, enuviado, como se pairasse sobre a cabeça uma chuva ácida corrosiva... e, com a aurora, o luto... a difícil aceitação de que estava morto... de que o coração não batia havia tempo... cortar os pulsos, de fato, não adiantava, pois dali não sairia sangue algum... já não pulsava mais vida nesse ser... já não existia mais nada... sequer uma brisa interior, uma esperança... e depois da enxurrada expelida para fora desse globo ocular, os olhos foram se fechando lentamente, levando a uma outra dimensão... quando voltei a abri-los, já havia sido enterrado...
Tiago Elídio...

quinta-feira, 16 de junho de 2011

no meio do caminho, havia um pão...

no meio do caminho, encontrou um pão... a princípio, não sabia muito bem o que fazer com ele... tinha uma aparência bem gostosa... mas teve um certo receio em comê-lo... no entanto, depois de apalpá-lo e cheirá-lo bem, resolveu arriscar... e, realmente, era como se o pãozinho fosse um presente dos deuses... era verdadeiramente delicioso... logo depois de algumas mordidas, já não havia mais pão... ficaram apenas algumas migalhas grudadas em seu corpo... tentou procurar outros, mas, no meio do caminho, já não havia mais pão... seguiu então seu rumo, mas não conseguiu se esquecer do bendito pão... depois de algum tempo, saudoso daquele momento de prazer que havia vivido, resolveu tentar recriar o alimento... não sabia a receita, mas tentou fazer da melhor maneira possível... colocou fermento e deixou repousar... mas não conseguia deixar de fitar aquela massa... estava tão impaciente e ansioso, querendo reviver o momento, que começou a beliscá-la... ela ainda estava em processo de fermentação... entre um pedacinho e outro, sem se dar conta, havia digerido tudo aquilo que ainda não era... nem nunca seria... aquele pão... e havia ficado entalado no estômago... não conseguiu, portanto, recriar aquele pão que encontrou no meio do caminho... ele havia ficado, de fato, no meio do caminho...
Tiago Elídio...