segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
domingo, 4 de dezembro de 2011
se toda a flor fenece e ser jovem abre caminho a envelhecer
também etapas, sabedoria e virtudes florescem
a seu tempo, sem permissão para sempre permanecer.
o coração precisa estar pronto para despedida
a cada chamado da vida e recomeço;
corajoso, sem tristeza, vai se entregar
a novos e diferentes laços, pois
Começos abrigam magia protetora
que nos ajuda a viver.
E cada novo espaço é para percorrer com mais ânimo
sem qualquer apego às paisagens que oferece.
A alma do mundo não nos quer para aprisionar, restringir
e sim a cada etapa elevar, expandir.
mal nos sentimos em casa e no conforto
de uma fase da vida, nos ameaça a sonolência -
só quem está pronto para irromper e partir
pode se desprender dos hábitos de paralisia.
talvez ainda a hora de morrer
nos traga mais paisagens, espaços, pois
a voz da vida em nós não cessa.
Então abraça a despedida, coração,
e te refaz.
---------------------------------------------------
Stufen
Wie jede Blüte welkt und jede Jugend
Dem Alter weicht, blüht jede Lebensstufe,
Blüht jede Weisheit auch und jede Tugend
Zu ihrer Zeit und darf nicht ewig dauern.
Es muß das Herz bei jedem Lebensrufe
Bereit zum Abschied sein und Neubeginne,
Um sich in Tapferkeit und ohne Trauern
In andre, neue Bindungen zu geben.
Und jedem Anfang wohnt ein Zauber inne,
Der uns beschützt und der uns hilft, zu leben.
Wir sollen heiter Raum um Raum durchschreiten,
an keinem wie an einer Heimat hängen,
der Weltgeist will nicht fesseln uns und engen,
er will uns Stuf' um Stufe heben, weiten!
Kaum sind wir heimisch einem Lebenskreise
Und traulich eingewohnt, so droht Erschlaffen,
Nur wer bereit zu Aufbruch ist und Reise,
Mag lähmender Gewöhnung sich entraffen.
Es wird vielleicht auch noch die Todesstunde
Uns neuen Räumen jung entgegen senden,
Des Lebens Ruf an uns wird niemals enden...
Wohlan denn, Herz, nimm Abschied und gesunde!
Herman Hesse
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
lying inbetween words
like the ones you spoke
like the ones i heared
like the ones we belonged to without wanting to see
the first time we met, having sealed our lives
you flew my way
not seeing my world
i touched your soul, you said,
with the tip of my wing
angelic, you thought...
angelic, i said...
yet angels only fly in the realms known to us
angels only fly in the realms of magic...
we flew
where humans dwell
where humans kill.
but how could we know?
we were the doves we were...
the flying souls we promissed ourselves to be...
our flight continued furiously, passionate, loving, full of strength, full of desire...
viewing the world from up above...
soaring together as we were...
jumping off rooftops...
drinking from star drops...
landing in wild crops...
denying all stops...
when i looked up,
it was you i saw,
soaring...
when you looked up,
it was me you saw,
letting the wind guid me towards you...
meeting you made me breath the liberty of love,
smiling...
then: hit - pain - black - falling - deep - sadness - without - halt - end
from the corner of my eye i see you
turning towards me...
trying to save me...
to fly me away...
...as it hits you as well
and you fall.
and endlessly unreachable becomes the sky
and endlessly unreachable becomes the hight
and endlessly unreachable becomes the pleasure of your company.
every time i see doves, see their majestical, magical wings flying around - these thoughts come up. i stand. i imagine. i feel you. i see you.
then i will sweep these memories from my eye. i will pick up my bags again. i will
Foto: Julian Tangermann. Berlin. 2011.
la amiga de las palomas...
todos los días por la tarde, tiene un compromiso con sus amigas, las señoras palomas... las señoras y también las señoritas, pues en verdad hay algunas que todavía no han casado... es cierto que también hay los señores, pero nadie les llama palomos, así que confunden su género... pero la señora de las palomas sabía distinguir a todas y todos... incluso les había nombrado... les había dado nombres muy cariñosos y distintos... además de amiga, se sentía como si fuera su madrina... y como una buena amiga y madrina, todos los días las íba a ver... y llevar comida, por supuesto... no eran simples migas de pan, como suele darles la gente común... siendo una verdadera amiga, conocía muy bien sus gustos... así que les llevaba las más diversas delicias... y entonces, trás entregarles su regalo alimentario, se sentaba para charlar un poco de la vida... no de la suya, pues no le pasaba muchas cosas... vivía sola en su casa, sin amantes, sin niños, sin mascotas... pero estaba enterada de los problemas del mundo... leía los periódicos todos los días por la mañana y miraba a la tele todas las tardes... entonces les contaba de las últimas para que se quedaran enteradas también... a veces se quejaba de lo que pasaba en el mundo... en su tiempo no era así, les decía... así que estaba bueno salir por la tarde, encontrar sus amigas palomas, charlar con ellas y relajar un rato... todas la escuchaban con mucha atención, cuando no estaban recogendo la comida, es cierto... y estaban de acuerdo, claro... también les comentaba sobre sus romances, es decir, los libros que leía por la noche antes de dormir, antes de concluir su día... pues tras el placentero encuentro con sus palomitas, volvía contenta a la casa... ansiosa por verlas de nuevo al día siguiente...
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
a intrigante morte de cristina fernandes...
Tiago Elídio...
terça-feira, 2 de agosto de 2011
tinha uma pedra...
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Carlos Drummond de Andrade...
segunda-feira, 18 de julho de 2011
segunda-feira, 27 de junho de 2011
quinta-feira, 16 de junho de 2011
no meio do caminho, havia um pão...
Tiago Elídio...
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Condenados - no meu país, minha sexualidade é um crime...
Movido por essa constatação, senti então a vontade de realizar um trabalho sobre autorretratos, reunindo fotos de homossexuais que escondem seus rostos.
Meu objetivo era propagar informações sobre as terríveis ameaças que homens e mulheres, nestas condições, enfrentam em diversos países, apresentando suas fotografias, juntamente com depoimentos pessoais e as leis que vigoram em cada localidade.
Para iniciar meu contato virtual e convencer todas as pessoas aqui apresentadas, defini como regra primeira incluir apenas aqueles internautas de sites de relacionamento que estivessem conectados ao mesmo tempo em que eu.Isso explica a ausência de autorretratos femininos. Como a relação que adquiri com estas pessoas se baseava na confiança frente ao risco que assumiram concordando em participar deste projeto, jamais poderia mentir e me fazer passar por uma mulher, cadastrando-me em um site de encontros para lésbicas.
Ao contatar cada participante, eu sempre pedia os mesmos elementos:
- a inicial do nome, a idade e a cidade de residência;
- uma foto com o rosto escondido;
- um depoimento pessoal;
- a frase "No meu país, minha sexualidade é um crime" em sua língua materna.
Logo em seguida eles estavam livres para interpretar minhas solicitações. A única recomendação precisa e clara que fiz era a de que eles não deveriam ser reconhecidos, a fim de garantir a sua segurança.
Os homossexuais, homens e mulheres, nascidos ou residentes em um país onde sua sexualidade é um crime, vivem como condenados.
Podemos dizer que a internet, enquanto janela aberta para o mundo, ao menos um pouco, conseguiu transformar suas existências."
Philippe Castetbon
Exposição internacional de fotografias de 50 países onde a homossexualidade é proibida por lei. Autorretratos de homens que vivem sob este pesar em conjunto com seus depoimentos e as leis que vigoram em cada localidade.
21/05 a 17/07 - Exposição
21 e 22 de MAIO às 12h: visitas guiadas com o curador
JUNHO: ciclo de debates
JULHO: lançamento do livro
CAIXA Cultural São Paulo
Praça da Sé, 111 - Centro - São Paulo – SP
terça-feira, 29 de março de 2011
http://amandacosta.com/
sexta-feira, 25 de março de 2011
Matéria de poesia...
quarta-feira, 16 de março de 2011
"Es la logica propia de la vida: aunque vamos cazando – día a día – somos cazados.
Dice: ¿Adónde vas, hijo? Dice: A cazar.
Así, el cazador camina. Camina por el bosque, por el campo, por la ciudad. En cada momento está dispuesto a atacar lo que busque. Lo que quiera. Lo que cruze su camino. Porque, al final, la caza no es más que azar. El azar de caminos entrecruzándose. La vida.
Dice: ¿A cazar qué, hijo? Dice: A cazar maravillas, a cazar cada momento en su niebla magica, a cazar la suerte. A cazar la vida llena y plena. A cazar para no olvidar.
Y su mira telescópica encuentra los objetos de su deseo. Tira. Otra vez tira. Se oye el sonido de su arma accionada. Y fulmina. Cada vez fulmina con ímpetu.
Dice: Pero, hijo, cuando se caza, también se mata. Dice: Sin cazar no vería la vida – y sin la muerte no vería lo magico que nos da este mundo.
Los objetos se forman, cayen de sus entornos. Son los suyos ahora. Son sus objetos, no – sus sujetos. Va a tomarles a casa, va a colgar partes de ellos en las paredes. Para no olvidar. Para ver a la vida que está captivada en ellos. Pero ellos mismos no respiran más. Han dejado toda su energía, toda su vida en el momento en que... el cazador abre la puerta de nuevo. Camina por el bosque, por el campo, por la ciudad. Busca la vida matándola. Cazándola."
Julian Tangermann...
“camino por madrid en tu compañía…” y escuchando esa canción me acuerdo de los buenos paseos por las calles madrileñas en tu compañía… “a paso lento…” tranquilos, charlando y disfrutando el momento… “como quién sabe que cuenta con la tarde entera, sin nada más que hacer que acariciar aceras…” y luego el parque acariciándonos… “ir y venir, seguir y guiar, dar y tener…” y sentados en los columpios, en un vaivén sincronizado… apenas sintiendo el viento en nuestras caras, tocando nuestras barbas… “dos paseantes distraídos han conseguido que el reloj de arena de la pena pare, que se despedace…” y como si estuviéramos congelados en el tiempo, sacamos fotografías de esas imágenes… que fueron impresas en nuestra memoria, formando una hermosa película… “ir por ahí como en un film de éric rohmer sin esperar que algo pase”… pero la verdad es que algo pasaba, como en un film de françois ozon… y así seguías conmigo por las calles… “te vi cambiar tu paso, hasta ponerlo en fase, en la misma fase que mi propio paso”… y en sintonía, entrecruzábamos dos mundos, entrelazándolos, haciendo lazos… “amar la trama más que al desenlace”… camino por madrid en tu compañía…
Foto: Tiago Elídio... Madrid...
terça-feira, 15 de março de 2011
for the great people! =)
domingo, 13 de março de 2011
momento publicidade
precisando desses serviços, pode me contactar!
terremoto...
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
"Os curiosos acontecimentos que são o objeto desta crónica ocorreram em 194., em Oran. Segundo a opinião geral, estavam deslocados, já que saíam um pouco do comum. À primeira vista, Oran é, na verdade, uma cidade comum e não passa de uma prefeitura francesa na costa argelina.
Dirão sem dúvida que nada disso é característico de nossa cidade e que, em suma, todos os nossos contemporâneos são assim. [...]"
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
o milagre das folhas...*
Milagre, não. Mas as coincidências. Vivo de coincidências, vivo de linhas que incidem uma na outra e se cruzam e no cruzamento formam um leve e instantâneo ponto, tão leve e instantâneo que mais é feito de pudor e segredo: mal eu falasse nele, já estaria falando em nada.
Mas tenho um milagre, sim. O milagre das folhas. Estou andando pela rua e do vento me cai uma folha exatamente nos cabelos. A incidência da linha de milhares de folhas transformadas em uma única, e de milhões de pessoas a incidência de reduzí-las a mim. Isso me acontece tantas vezes que passei a me considerar modestamente a escolhida das folhas. Com gestos furtivos tiro a folha dos cabelos e guardo-a na bolsa, como o mais diminuto diamante. Até que um dia, abrindo a bolsa, encontro entre os objetos a folha seca, engelhada, morta. Jogo-a fora: não me interessa fetiche morto como lembrança. E também porque sei que novas folhas coincidirão comigo.
Um dia uma folha me bateu nos cílios. Achei Deus de uma grande delicadeza."
Clarice Lispector...
*versión en español abajo en los comentarios...
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
"saiu sem saber o que tinha na bolsa. Maria, a doida da rua, não tolerava desaforos dentro de casa. maquiou-se com o talo da erva doce e passou um pouco de colorau nas maças do rosto. feito jiboia que vai pegar gato na esquina. feito catador de batata que joga uma dose de pinga goela abaixo antes do café. só pra usufruir do vapor. pra beber suco de couve e chocolate. beber o café do escritório e engolir raiva. o frescor da ignorância. dormia nua pra ir pescar sardinha no riacho. trazer sabedoria. Pela manhã, escutou dos meninos que não agüentavam mais. dormir em beliches e dividir o quarto com o papagaio. aquilo de um perto do outro. feito jogar caixeta. empilhadeiras de cimento e carvão. Vestiu um calção, cobriu com o vestido e subiu o morro. Maria foi à feira. ter contato com o verdume a deixava calma. só pra correr pelada da porta do banheiro até sua barraca. apalpar tomates com o dedão adormecia tua penugem. conhecia o gosto da folha só de tocar tuas raízes. via nutrientes pelo pé do alface. pelo chinelo dos homens. dormir só para ela significa sonhar com ladainhas e decidir, dia a dia, se usaria peruca ou se trançaria o cabelo. Sentia-se presa. pensava em saltar de asa-delta. só pra comer os pombos com mais gosto. comer com molho. shampoo de camomila. salgava com baba de jaca verde. roubava babosa da vizinha. Naquele dia, o rabanete nas mãos. pensou em levar leite com manga batida pros filhos. iogurte dos deuses. só pra ver o ódio escorrer pela boca. Salgar os olhos. Mas Maria era santa. Sua única crueldade é colecionar borboletas. na gaveta amontoa patas perdidas. Escutou que o pó das asas era arma antiga das mulheres que dão duro na vida. enxergava alegria em cada estrela no céu. vivia repleta de ver a lua. e Maria vendia senhas na fila do pastel. Chegada sua vez, vendia seu lugar e voltava. Foi acusada de produzir vícios. ganhou dois reais por uma cantada. Resolveu comprar chicória e bater com cenoura. pra sonhar feito banho de cachoeira. feito o lado da escotilha que brilha tranquilo, apesar do corpo estendido. Maria, a louca da rua, foi condenada por suicídio. aprendeu desde cedo que o fundo do poço é fundo por ser barato e líquido."
Otavio Ranzani...
o dia da semana de que mais gostava...
"sábado era o dia da semana de que mais gostava... era o dia em que ia para a feira comprar sua alface fresquinha... na sexta-feira demorava a dormir, pensando no grande encontro que estava por vir... e, claro, dormia mal, ansiosa para que a manhã do dia seguinte chegasse logo... entre um cochilo e outro, uma imagem verde e outra passavam-lhe pela sua cabeça... o relógio despertador tocava às seis e meia da manhã... mas ela já estava com os olhos abertos momentos antes, esperando apenas para apertar o botão... logo em seguida saía finalmente da cama... fazia seu café, que tomava com leite, acompanhado de algumas bolachas... depois se dirigia ao banho... apesar da ansiedade, era um banho demorado, afinal ela queria estar limpinha, cheirosa e bem apresentável... e gostava tanto da alface que colocava aquele seu vestido verde de que mais gostava... era uma forma de homenageá-la... quando finalmente terminava sua arrumação, pegava sua sacola e saía de casa... para sua felicidade, morava muito perto da rua onde era
realizada a feira... assim, caminhava apenas algumas quadras e lá estava ela, adentrando aquele ambiente de que tanto gostava... passava cumprimentando a todos os feirantes, com um sorriso meio envergonhado... mas não se atrevia a olhar qualquer outra mercadoria... seria como se estivesse traindo sua querida verdura... a única exceção era com os tomates, pois eram o seu pequeno agrado a ela... portanto, logo após comprá-los, dirigia-se diretamente à sua barraca favorita... como de costume, o feirante a esperava... cumprimentava-lhe com um belo sorriso e um carinhoso bom dia... ela lhe dizia o mesmo, embora não conseguisse se ater muito a ele.... seus olhos já estavam pousados nas alfaces verdes e frescas à sua frente... apreensiva, não tardava em tocá-las... ao fazer isso, sentia arrepios... elas ainda estavam molhadinhas... sentia a água escorrer por sua mão... sem pensar muito, como num ato reflexo, agarrava alguma por trás e levava diretamente ao rosto, para sentir o seu cheiro e frescor mais de perto... depois, colocava-a delicadamente de volta em seu devido lugar e repetia a operação uma a uma... e assim sentia-se como se estivesse em seu jardim, cuidando das suas mais belas flores verdes... o feirante já estava acostumado com a situação e a deixava tranquila com suas alfaces... não queria interromper esse momento tão sublime... ela sentia de fato uma sensação muito boa, como se estivesse nas nuvens... em nuvens verdes, leves e cheirosas... até que finalmente voltava ao plano terreno e decidia de fato quais seriam as escolhidas... nesse sábado, haviam sido duas as sortudas... e encostadas em seu peito, que ainda batia acelerado, foram suas acompanhantes no caminho de volta para casa... e também seriam o acompanhamento do seu almoço... do dia da semana de que mais gostava..."
Tiago Elídio...
Foto: Tiago Elídio... Feira da Rua dos Artistas... Rio de Janeiro...
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
diálogos...
sábado, 22 de janeiro de 2011
Um Passeio Repentino *
"Quando à noite parece ter-se tomado a decisão definitiva de permanecer em casa, vestiu-se o roupão, depois do jantar ficou-se sentado à mesa iluminada, às voltas com aquele trabalho ou jogo ao término do qual habitualmente se vai dormir, quando lá fora há um tempo inamistoso que torna natural permanecer em casa, quando já se passou tanto tempo quieto à mesa que ir embora teria de provocar espanto geral, quando até as escadas já estão escuras e a porta do prédio fechada, e quando apesar disso tudo, num mal-estar repentino, fica-se em pé, troca-se o roupão, surge-se imediatamente vestido para ir à rua, se esclarece que é preciso sair, faz-se isso depois de breve despedida, acreditando-se ter deixado maior ou menor irritação conforme a rapidez com que se bate a porta do apartamento, quando se está de novo na rua com membros que respondem com uma mobilidade especial a essa liberdade inesperada que lhes foi concedida, quando se sente, através dessa decisão, concentrada em si mesmo toda a capacidade de decidir, quando se reconhece com um senso maior que o comum que se tem mais energia do que necessidade de produzir e suportar a mais rápida das mudanças, e quando assim se vai às pressas pelas longas ruas - então por essa noite está-se totalmente desligado da família, que desvia seu rumo para o inessencial enquanto, firme de alto a baixo, os contornos com as linhas carregadas, dando tapas na parte traseira das coxas, ascende-se à sua verdadeira estatura.
Tudo fica mais reforçado quando, a essa hora tardia da noite, se procura um amigo para ver como ele vai."
Franz Kafka... tradução de Modesto Carone...
* auf Deutsch in den Kommentaren unten...
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
"E pensaram naquele estranho homem que passara há pouco por ali pedindo para que fossem com ele. E riram folgadamente. O tal homem, curioso homem, disse que os faria pescadores de homens.
filho de peixe...
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
Tiago Elídio...
"Vendo vocês duas aí, olhando a cidade que não é sua nem de seus filhos, mesmo que eles tenham nascido aqui. Esse véu que cobre vocês, vítimas inocentes, é que separa a pertença. A negação de viver onde se está e a reciprocidade da cidade. Ela nega a vocês o seu melhor pedaço. Viver fora desse mundo em que vocês entraram e procriar nesse espaço é seu erro e sua força de combate. Seus filhos odeiam e são rejeitados. Eles são uma parte ativa desse exército de pseudo-franceses. Infelizmente também vivo nessa negação. Nego que não vejo mal algum em vocês. Sou silencioso, como um gato, e termino em um silvo, desapercebido. Agora que eu tenho vocês na minha mira posso começar o meu trabalho. Inshalá."
Fernanda Vilar...
Foto: Tiago Elídio / Lyon, França...