terça-feira, 20 de abril de 2010

cemitério de cigarros...

o chão estava repleto de restos de cigarros... cada um desses cadáveres tinha sua própria história... cada um deles, uma data e, mais especificamente, uma hora, de nascimento e óbito... alguns haviam tido uma vida curta, vivendo somente uns cinco minutos... sua morte prematura era passível de ser reconhecida pelo seu tamanho... eram ainda grandinhos e eretos... outros tinham durado mais tempo, chegando aos impressionantes vinte minutos de vida... eram bem pequeninos... mas a maioria tinha em média uns dez minutos, não chegando a ultrapassar o filtro... isso era um bom sinal, na verdade... tinham sido bem aproveitados, mas não foram explorados e sugados até não poderem mais... muitos tinham passados por mãos suaves, em momentos de alegria, de festa... e esses foram acompanhados por álcool... uns por cervejas, outros por caipirinhas, uns outros por whisky... enfim, tinham os parceiros mais variados... alguns passaram por dedos mais filosóficos, desses que sempre estão junto de um cafézinho... acompanharam, assim, os mais variados pensamentos reflexivos... ali nesse terreno fúnebre não podiam deixar de estar presente os restos daqueles que acompanhavam as pessoas em seus momentos mais tristes e solitários, sendo suas únicas companhias... outras bitucas, por sua vez, haviam sido os cigarros preferidos dos tensos e nervosos, ajudando-os a relaxar... havia também aqueles mais estressados e agressivos que fumavam sem dó nem piedade e depois os amassavam com uma força assassina, deixando seus restos irreconhecíveis... havia, portanto, os mais variados perfis presentes nesse espaço... onde jaziam as bitucas e suas cinzas...
Tiago Elídio...

3 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
rodrigo scalari disse...

ótimo!!! cigarros, há que submetê-los à tortura a fim de que contem tudo o que sabem sobre quem nos interessa...heuheu
gostei!

Thales Gaspari disse...

Legal, Thiago!
Putz, só consegui ler hoje, mas gostei bastante deste texto (bem, sou um fumante do tipo filosófico haha).

Abraços!