quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

chuva que acabou de escorrer

"Não quero escrever sobre mim. Quero escrever sobre os outros, sobre o que está fora de mim. O que me adentra e fica,
ou aquilo que simplesmente passa. Como uma chuva que acabou de escorrer e deixou seus resíduos.

Não escrever sobre mim não significa que não quero me revelar.
Significa que estou cansada de um mundo que deveria ser grande, mas é tão pequeno. Que acha bonito só o que é bonito e sempre e só isso.
Cansei de um mundo que não aceita o diferente, o excluído - um mundo que não estende a mão ou não abre seus ouvidos.
E, hoje, esse mundo fui eu. Um mundo tão pequeno, um mundo que repugno. Eu não parei, não estendi minha mão, não escutei. E agora choro,
porque me comove e me dói na alma.
Por medo de parar, simplesmente passei por um homem que, sentado na calçada molhada pela chuva, completamente desesperado,
me pedia ajuda segurando a cabeça entre as mãos porque não aguentava o peso da caixa pensante sobre o seu pescoço.
O peso da cabeça aperta o pescoço e faz a gente sentir aquele nó que só se desfaz com um longo e sussurrante choro.
E passei. E ele passou, mas deixou um pouco de seu desespero em mim.

Escrever o não-eu é escrever sobre o de fora que passa por mim e fica, como os resíduos da chuva que acabou de escorrer, deixando folhas e galhos nos encontros das ruas.
Resíduos de amor desencontrado, de poesia desarrumada, de ajudas e orações pela metade.
Resíduos de outros que passaram por mim e deixaram galhos e folhas no encontro das ruas pequenas e sem saída que moram aqui em meu dentro."

Laura Cielavin...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

o empinador da pipa vermelha...


era domingo... fazia calor... e eu estava na praia com minha pipa vermelha... não estava ventando muito e isso complicava um pouco minha diversão... por mais que eu estivesse pelejando muito para conseguir empiná-la, ela não durava muito tempo no ar... não conseguia pairar naquele céu azul quente e abafado... logo vinha abaixo... mas eu estava obstinado a fazê-la voar... afinal era meu aniversário de sete anos... era um desafio que eu mesmo me dava... eu tinha ganhado essa pipa de presente do meu pai e queria mostrar a ele minhas habilidades como empinador... não queria decepcioná-lo de modo algum... ele estava observando de longe, enquanto tomava uma cerveja e enviava palavras encorajadoras... e eu, depois de muita luta, consegui finalmente erguê-la... não estava muito alta, mas era o suficiente para conseguir um sorriso do rosto do meu pai e me deixar orgulhoso e feliz... mas, de repente, um estrondo... minha pipa havia sido atingida... logo em seguida, outro estrondo... dessa vez, era meu pai que havia sido atingido... eram balas perdidas de uma perseguição policial na orla... eu, debaixo daquele sol escaldante, fiquei zonzo e vi ambos irem ao chão, deixando manchas vermelhas na areia... logo em seguida, quem veio abaixo fui eu... não lembro exatamente o que ocorreu depois... mas o que aconteceu antes eu jamais vou esquecer... esse foi o meu inesquecível presente de aniversário...
Tiago Elídio...

inspirado em histórias reais! =/

Foto: Tiago Elídio...

domingo, 12 de dezembro de 2010

eu me sinto quebrado... na verdade, sinto como se eu tivesse sido quebrado há algum tempo... mas fui me reconstruindo... eu me sinto exatamente como um vaso, que se quebrou em várias partes, mas conseguiu se recompor... no entanto, ainda existem as rachaduras decorrentes da quebra... e elas nunca conseguirão desaparecer e tudo voltar à maneira como era originalmente... eu me sinto assim... eu me sinto rachado...
Tiago Elídio...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

simples assim...

"Tudo que parece meio bobo é sempre muito bonito, porque não tem complicação. Coisa simples é lindo. E existe muito pouco."
Caio Fernando Abreu..

feliz aniversário para mim! ;)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

"Sou um rapaz da cidade. Nas cidades grandes fizeram as coisas de tal jeito que você pode ir a um parque e estar num campo miniatura, mas no campo você não tem pedaços de cidade grande, então eu fico com muita saudade."
Andy Warhol...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

qual é o caminho?

no banco traseiro do carro, dois caras se pegavam... no banco da frente, o taxista dirigia... embora sua cabeça estivesse virada para a frente, seus olhos olhavam a todo momento pelo espelho retrovisor... projetava-se nos dois homens que trocavam beijos intensos... já estava, inclusive, com o pau duro... de repente, uma freiada brusca... não havia reparado que o sinal havia ficado vermelho... os rapazes, no banco de trás, olharam assustados e um deles disse: "cuidado, motorista!"... "me desculpa... mas acabei me distraindo com vocês...", disse o taxista... "pô, foi mal! se a gente tiver atrapalhando, passando dos limites, dá um toque!"... "não, não... tranquilo... é que é... assim... um pouco diferente!"... e aproveitando a deixa, perguntou curioso: "e como é... assim... beijar outro homem?"... "normal!", disse um deles... "é muito bom! acho que você devia experimentar, hein?", brincou o outro, olhando para o primeiro e trocando um sorriso... "eu?!"... "isso!! qual o problema?... você, com esses músculos todos, ia fazer sucesso, hein?", disse o primeiro, entrando na onda... "e ainda tem o lance de ser um fetiche... pegar o taxista...", acrescentou o outro... "que é isso?... eu sou casado! pai de família!"... "qual o problema? você não vai ser o primeiro... pode ter certeza..."... "e aposto que vai gostar, hein?"... "acho que você devia aproveitar que a gente tá indo pro motel..."... o taxista, depois de um momento de silêncio e de trocar olhares com os jovens, perguntou: "qual é o caminho que devo seguir?"...
Tiago Elídio...

sábado, 21 de agosto de 2010

sardinha na lata...

"que nem sardinha na lata"... assim dizia sua mãe em situações em que muitas pessoas ficavam espremidas em um local... lembrava-se disso, pois estava vivenciando uma experiência dessas... o ônibus no qual voltava do trabalho estava repleto de indivíduos... era um ambiente muito desconfortável, pois, além de estar lotado, fazia muito calor e o vento que entrava pelas janelas não circulava... era uma verdadeira agonia, uma sensação desanimadora... enquanto cruzava o túnel, via sua imagem no espelho, sufocado com as outras pessoas... pelo reflexo do vidro, parecia um aquário... lembrou-se então de uma outra expressão... "pecera"... era a palavra espanhola para esse pequeno espaço artificial habitado por peixes... e era assim que os mexicanos do DF chamavam os ônibus urbanos... fazia sentido... mas, guardada às devidas proporções e a falta de espaço para movimentação, estava com os demais peixes humanos nesse aquário urbano... como verdadeiras sardinhas numa lata...
Tiago Elídio...

domingo, 15 de agosto de 2010

"Toda esa luz está muerta -dijo Ingeborg-. Toda esa luz fue emitida hace miles y millones de años. Es el pasado, ¿lo entientes? Cuando la luz de esas estrellas fue emitida nosotros no existíamos, ni existía vida en la tierra, ni siquiera la tierra existía. Esa luz fue emitida hace mucho tiempo, ¿lo entientes?, es el pasado, estamos rodeados por el pasado, lo que ya no existe o sólo existe en el recuerdo o en las conjeturas ahora está allí, encima de nosotros, iluminando las montañas y la nieve y no podemos hacer nada para evitarlo."
Roberto Bolaño... 2666...

domingo, 1 de agosto de 2010

caralho! buceta! puta que pariu!...

"caralho, que cara gostoso!"... no segundo andar do prédio vizinho, um homem lhe chamava a atenção... sempre caminhava pela casa de sunga, quase desnudo... e tinha um corpo bem interessante, o que chamava ainda mais sua atenção... às vezes sua pequena peça de roupa era branca, às vezes preta, às vezes vermelha... sempre ressaltando seus nada pequenos músculos... e de vez em quando saía na sacada para fumar... sua atenção nem precisava mais ser chamada, já agia por instinto e se colocava na janela, apreciando a bela vista... também fumava um cigarro, para parecer mais discreto... mas provavelmente não o era... sua cabeça e seus olhos iam diretamente para aquela direção... o cara continuava fumando e era indiferente... parecia gostar de exibir o belo físico que possuía... os dias foram passando e o desejo por aquele corpo vizinho ia aumentando... passava cada vez mais tempo na janela, tentando observá-lo... já sabia até seus horários e, por isso, ia fumar basicamente no final da tarde e início da noite, quando o gostosão já tinha voltado do trabalho... ele não parecia ser gay, muito pelo contrário... parecia um daqueles machos marrentos... mas isso o excitava ainda mais... sua vontade era a de pular pela janela e cair em sua sacada... a distância não permitia, infelizmente... ou talvez, felizmente... provavelmente não conseguiria resistir à tentação... e, caso fosse mesmo um heterozinho, poderia ter uma atitude bem agressiva... e não era esse o tipo de contato físico que queria... mas, um belo dia, fumando um cigarro na janela, à espera... à espreita... viu o vizinho passando com um jeans e sem camisa... "puta que pariu, que delícia!"... mas, tinha uma acompanhante... xingou-a mentalmente com os mais variados insultos... estava com o homem que ele desejava... nesse momento, curiosamente, pensou em freud... segundo este, as mulheres têm algum complexo por não terem o órgão sexual masculino... existe uma certa inveja do pênis... mas o mundo é tão machista que não se pensou sobre a inveja do órgão sexual feminino... provavelmente também há o complexo advindo da falta de vagina no homem, pensava... acho que estou complexado, dizia a si mesmo... inveja da buceta alheia... "puta que pariu!"...
Tiago Elídio...

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Viajar?
Para viajar basta existir.
Vou de dia para dia,
como de estação para estação,
no comboio do meu corpo, ou do meu destino,
debruçado sobre as ruas e as praças,
sobre os gestos e os rostos,
sempre iguais e sempre diferentes,
como, afinal, as paisagens são.

Se imagino, vejo. Que mais faço eu se viajo?
Só a fraqueza extrema da imaginação justifica
que se tenha que deslocar para sentir.

"Qualquer estrada,
esta mesma estrada de Entepfuhl,
te levará até ao fim do mundo".
Mas o fim do mundo,
desde que o mundo se consumou dando-lhe a volta,
é o mesmo Entepfuhl de onde se partiu.

Na realidade, o fim do mundo,
como o principio,
é o nosso conceito do mundo.
É em nós que as paisagens tem paisagem.
Por isso, se as imagino, as crio; se as crio, são;
se são, vejo-as como as outras.

Para que viajar?
Em Madrid, em Berlim, na Pérsia,
na China, nos Pólos ambos,
onde estaria eu senão em mim mesmo,
e no tipo e gênero das minhas sensações?

A vida é o que fazemos dela.
As viagens são os viajantes.
O que vemos, não é o que vemos, senão o que somos.

Fernando Pessoa...

sexta-feira, 16 de julho de 2010

"(...) con él nunca se metían, entre otras razones porque era un buzo*, es decir porque no pertenecía a ese mundo, al que sólo iba como explorador o de visita."
trecho de 2666, de Roberto Bolaño...

*buzo = escafandrista: mergulhador que, munido de um escafandro, faz investigações ou trabalha no fundo do mar ou dos rios.
escafandro: equipamento hermeticamente fechado, mas onde se faz penetrar ar por meio de uma bomba, e que os mergulhadores vestem para trabalharem debaixo de água.

terça-feira, 6 de julho de 2010

é noite... olho pela janela e avisto sem querer a lua... ela encontra-se minguante... naquele período que segue sua cheia, em que está repleta... embora tenha sofrido uma diminuição e vivencia uma quebra, ainda assim consigo ver surpreendentemente um sorriso em sua imagem... assim como ela, também me encontro nessa fase... sinto uma grande quebra dentro de mim, uma falta enorme de algumas partes... mas, apesar disso, ainda sinto esperança de me preencher novamente... por isso, lhe retribuo o belo sorriso...
Tiago Elídio...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

l'air me manque... l'Amour, l'Imagination, le Rêve... l'air me manque...
Tiago Elídio...
pelo termômetro que mede minha vontade de morrer, hoje estou com febre.
Tiago Elídio...

terça-feira, 29 de junho de 2010

à deriva...

estava já há algum tempo à deriva nesse imenso mar... não sabia ao certo como havia chegado a essa situação... não lembrava o que havia acontecido com o barco onde estava... tampouco lembrava se havia outros tripulantes... sua memória não ajudava nesse momento... o único indício era o pedaço de madeira ao qual estava agarrado... por sorte, ainda contava com esse meio de sustentação, mas o mar estava agitado... era cada vez mais difícil continuar segurando... sentia-se já um pouco fatigado... e não sabia como sair desse estado... afinal, não dependia só dele... por mais que ele conseguisse nadar rumo a alguma direção, seu esforço podia ser em vão, pois a correnteza poderia levá-lo de volta ao ponto inicial... necessitava que algum resgate surgisse e o tirasse dali... uma boia e um colete salva-vidas já seriam suficientes para lhe dar mais segurança, pois afnial nunca se sabe o que pode acontecer quando se está assim à deriva... o que mais temia era a probabilidade de se deparar com alguma forte tempestade... poderia ser fatal... mas, de qualquer modo, ainda tinha esperanças... e, portanto, esperava...
Tiago Elídio...

quarta-feira, 16 de junho de 2010

"Saudade é quando o momento tenta sair da lembrança pra acontecer de novo e não consegue..."
Adriana Falcão...

sábado, 12 de junho de 2010

sábias conversas...

Melina: ah, sei lá...
Tiago: é, tb não sei...
Melina: é, quem sabe... rs
Tiago: vai saber... rs

sábado, 5 de junho de 2010

"there is always hope"... assim dizia o pôster acinzentado que estava em seu novo quarto... junto com a frase, havia uma menininha estendendo a mão para um balão vermelho que estava próximo... era como se ele tivesse escapado da sua mão mas ainda havia a possibilidade de agarrá-lo novamente... ele estava nessa nova cidade havia pouco tempo... ainda se sentia perdido e em fase de adaptação... e ainda sentia muitas saudades do lugar de onde havia vindo... no entanto, conseguia ver balões coloridos nesse novo horizonte... mas era inevitável o medo de não conseguir agarrá-los... afinal, eles podiam rapidamente desaparecer, levados por um vento forte... ou então podiam ser agarrados antes por outras pessoas... era possível ainda que eles estourassem acidentalmente... ou fossem estourados propositalmente por pessoas inconvenientes... ou ele podia simplesmente ficar sem forças para ir ao encontro de qualquer balão... mas apesar de tudo, era muito pouco provável que não restasse ao menos um que ele pudesse pegar... pelo menos assim esperava... "sempre há esperança"...
Tiago Elídio...

domingo, 30 de maio de 2010

sexta-feira, 21 de maio de 2010

diálogos...

que você encontre alguém que possa rabiscar com um grafite coisas suaves dentro de ti... prazeres de uma presença cheia de amor... e assim comece a caminhar alegre por despertar arrepios e sussurros... e possa pensar, com grande satisfação: o amor é para dentro... vem de fora... entra pela pele... e fica tatuado no coração...
Tiago Elídio...

dedicado ao meu querido serginho roberto...

quarta-feira, 12 de maio de 2010

time of my life...

It's something unpredictable
but in the end it's right
I hope you had the time of your life

So take the photographs
and still frames in your mind
Hang it on a shelf
of good health and good time
Tattoos of memories
and dead skin on trial
For what it's worth
it was worth all the while

Time of Your Life - Green Day...

domingo, 9 de maio de 2010

"Não é o mais forte nem o mais inteligente que sobrevive. É o mais adaptado a mudanças"
Charles Darwin...

Mas não é tão fácil sobreviver quando o mundo não acompanha essas mudanças...
Tiago Elídio...

quinta-feira, 6 de maio de 2010

observações...

da janela do seu apartamento na Vila Isabel, um estudante observa um avião que passa no céu... dentro desse, um executivo, após consultar seus papéis de trabalho, olha pela janelinha e observa o Cristo Redentor... ali, embaixo do monumento de braços abertos, um turista, após imitar a posição da estátua para uma foto, observa a extensa ponte que une Rio e Niterói... sobre ela, vários veículos passam apressados... entre eles, um ônibus intermunicipal transporta uma senhora distraída que observa a baía... sobre suas águas calmas, várias embarcações... em uma das barcas, muitos passageiros olham os prédios que se encontram às margens... dentro de um dos edifícios, no quinto andar, um trabalhador já cansado do seu expediente, enquanto aproveita sua pausa para o café e o cigarro, observa um atleta que corre no calçadão da praia... este, transpirando por conta do calor carioca, observa uma mulher de biquini que corre na direção contrária... ela percebe e sorri, olhando em seguida para o tráfego... os táxis amarelos se destacam... dentro de um deles, um casal chama a atenção... duas garotas dão cálidos beijos no banco traseiro... elas, por sua vez, não estão observando nada... estão apenas aproveitando um bom momento nessa cidade maravilhosa...
Tiago Elídio...

quarta-feira, 28 de abril de 2010

"If you didn't have fantasies you wouldn't have problems because you'd take whatever was there. But then you wouldn't have romance, because romance is finding your fantasy in people who don't have it."
Andy Warhol...
"Museu é o mundo; é a experiência cotidiana."
Hélio Oiticica...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

"la frontera entre felicidad y tristeza, entre momentos en que se ríe mucho y momentos llenos de lágrimas, entre la oscuridad de sentir haberlo perdido todo y el entusiasmo de poder vivir en su entorno viejo otra vez no está clara.. está tan fluida y opaca como un vaso de vino tinto en la noche de despedida, caido, fundiéndose sobre el suelo, poniéndolo rojo lentamente..."
Julian Tangermann...

terça-feira, 20 de abril de 2010

cemitério de cigarros...

o chão estava repleto de restos de cigarros... cada um desses cadáveres tinha sua própria história... cada um deles, uma data e, mais especificamente, uma hora, de nascimento e óbito... alguns haviam tido uma vida curta, vivendo somente uns cinco minutos... sua morte prematura era passível de ser reconhecida pelo seu tamanho... eram ainda grandinhos e eretos... outros tinham durado mais tempo, chegando aos impressionantes vinte minutos de vida... eram bem pequeninos... mas a maioria tinha em média uns dez minutos, não chegando a ultrapassar o filtro... isso era um bom sinal, na verdade... tinham sido bem aproveitados, mas não foram explorados e sugados até não poderem mais... muitos tinham passados por mãos suaves, em momentos de alegria, de festa... e esses foram acompanhados por álcool... uns por cervejas, outros por caipirinhas, uns outros por whisky... enfim, tinham os parceiros mais variados... alguns passaram por dedos mais filosóficos, desses que sempre estão junto de um cafézinho... acompanharam, assim, os mais variados pensamentos reflexivos... ali nesse terreno fúnebre não podiam deixar de estar presente os restos daqueles que acompanhavam as pessoas em seus momentos mais tristes e solitários, sendo suas únicas companhias... outras bitucas, por sua vez, haviam sido os cigarros preferidos dos tensos e nervosos, ajudando-os a relaxar... havia também aqueles mais estressados e agressivos que fumavam sem dó nem piedade e depois os amassavam com uma força assassina, deixando seus restos irreconhecíveis... havia, portanto, os mais variados perfis presentes nesse espaço... onde jaziam as bitucas e suas cinzas...
Tiago Elídio...

sexta-feira, 16 de abril de 2010

café madrileño...


puso el agua a calentar para hacer un café... después, cogió la leche y le agregó... no quería hacer un café cualquier... quería que su bebida estuviera parecida a la manera que tomaba en España... entonces, sentó en el suelo, encendió un cigarrillo y miró al cielo... intentaba acercarse al otro lado del Atlántico... como si con su mirada pudiera subir a las nubes y enseguida bajar como una luz a uno de los hermosos cafés donde estuviera muchas veces... eran las 3 de la tarde en Brasil y las 8hrs en tierras españolas... era un buen horario para café en ambos los lados... sin embargo, prefería el lado de allá... y con ese desplazamiento, imaginó los momentos que pasara con sus amigos y los sintió más cerca de nuevo... era todo lo que podía hacer por ahora... disfrutó lo máximo que pudo... luego terminó su café y su cigarrillo y retornó de su encuentro...
Tiago Elídio...

dedicado a los amigos con quién compartí muchos (o pocos...) cafés en Madrid... =)

segunda-feira, 12 de abril de 2010

estava sentada no chão e encostada na parede... na mão, possuía um cigarro já na metade... na cabeça, os mais variados pensamentos... muitos deles, angústias... estava no fim de um ciclo e não sabia o que viria pela frente... estava insegura em relação a todos os níveis da sua vida... sobretudo o profissional e o pessoal... queria levantar e sair logo dessa situação... mas era necessário esperar... não havia outra solução... tragou então o cigarro mais uma vez e exalou um pouco a angústia que sentia... logo em seguida, desabaram lágrimas... estava tão tensa e a necessidade de extravasão era tamanha que sentiu outro líquido fluindo de seu corpo... era definitivamente um ciclo que terminava... deu a última tragada e jogou a bituca o mais longe que pôde... e por fim respirou aliviada...
Tiago Elídio...

dedicado a mi amiga querida!

sábado, 3 de abril de 2010

Tiago... diz:
vou indo dormir...
fugir um pouco da realidade...
sérgio roberto diz:
dormir ?
é acordar pra dentro...
"Fiquei feliz em poder sentir tua falta, - a falta mostra o quão necessitamos de algo/alguém.
É assim o nosso ciclo. Eu te preciso. Perto, longe, tanto faz.
Preciso saber que tu está bem, se respira, se comeu ou tomou banho - com o calor que está fazendo neste verão, tome pelo menos uns três ao dia, e pense em mim, estou com calor também.
Me faz bem pensar nessas atividades corriqueiras, que supostamente você está fazendo. Ah, e eu estou te esperando, com meu vestido curto, óculos escuros grandes e meu coração pulsando forte, e te abraçar até sentir o mundo girar apenas para nós.
É, eu gosto muito de ti."
Caio Fernando Abreu...

quarta-feira, 31 de março de 2010

Todos los que no entienden de perder
Te dirán, no pasa nada, la vida seguirá

Todos los que no saben de soledad
Te dirán, todo se olvida, otro ocupa su lugar

Como van a saber, si no han nadado en la profundidad
Ya conocerán la verdadera sensación del mar

Julieta Venegas - Ya Conocerán...

terça-feira, 30 de março de 2010

Fábula de la sirena y los borrachos

Todos estos señores estaban dentro
cuando ella entró completamente desnuda
ellos habían bebido y comenzaron a escupirla
ella no entendía nada recién salía del rio
era una sirena que se había extraviado
los insultos corrían sobre su carne lisa
la inmundicia cubrió sus pechos de oro
ella no sabía llorar por eso no lloraba
no sabía vestirse por eso no se vestía
la tatuaron con cigarrillos y con corchos quemados
y reían hasta caer al suelo de la taberna
ella no hablaba porque no sabía hablar
sus ojos eran color de amor distante
sus brazos construídos de topacios gemelos
sus labios se cortaron en la luz del coral
y de pronto salió por esa puerta
apenas entró al rio quedó limpia
relució como una piedra blanca en la lluvia
y sin mirar atrás nadó de nuevo
nadó hacia nunca más hacia morir.

Pablo Neruda...

domingo, 28 de março de 2010

No tengo lugar
Y no tengo paisaje
Yo menos tengo patria

Yasmin Levy - Naci en Alamo...

sábado, 27 de março de 2010

A moment, a love
A dream aloud
A kiss, a cry
Our rights, our wrongs
A moment, a love
A dream aloud
A moment, a love
A dream aloud

The Temper Trap - Sweet Disposition...

quinta-feira, 25 de março de 2010

"De tudo ficaram três coisas: a certeza de que estamos começando, a certeza de que é preciso continuar e a certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar. Portanto, devemos: fazer da interrupção um caminho novo, fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sonho uma ponte, da procura um encontro. E assim terá valido a pena existir!"
Fernando Sabino...

quarta-feira, 24 de março de 2010

this is the story of our romance
these are the words to comprehend
there is no end there’s no beginning
we’re right here in the middle
in the middle of this heat

Naked Lunch - Military of the Heart...

"Lo pasado ha huido, lo que esperas está ausente, pero el presente es tuyo."
Proverbio árabe...

segunda-feira, 22 de março de 2010

quarta-feira, 17 de março de 2010

flor...

estaba caminando en un campo que parecía desértico, sin nada... apenas un poco de césped verde en algunas partes... caminaba mirando se encontraba algo que le sorprendiera, aunque le parecía cada vez más difícil... ya había caminado mucho y lo que más encontraba era mala hierba... así que empezó a caminar por el campo sin fijar... sin embargo, justo algunos momentos después, algo le llamó la atención... no sabía muy bien lo que era, pues estaba un poco lejos, pero el color le atraía... por fin, descubrió que era una flor... pero no era una flor común, era una flor distinta, única... era tan bonita que no podía dejar de mirarla... y además exhalaba un olor apasionante, distinto de todo lo que ya había sentido... tuvo ganas de sacarla de ahí, pero no podía hacerlo... entonces se contentó en mirarla, en tocarla y en sentirla... era todo lo que podía hacer... pero estaba contento en encontrar esa flor en ese campo casi desértico...
Tiago Elídio...

segunda-feira, 15 de março de 2010

Cause I like you,
Yeah, I like you,
And I'm feeling so Bohemian like you,
Yeah, I like you,
Yeah, I like you,
And I feel wahoo, wooo
Wohoo hoo hoo
Wohoo hoo hoo
Wohoo hoo hoo
Wohoo hoo hoo

Bohemian Like You - The Dandy Warhols...

caminos...

seguía sus pasos por aquel camino, que ya estaba llegando al final... había sido un camino muy interesante, rellenado de sorpresas buenas... durante su trayecto, encontró muchas personas especiales... con ellas, aprendió las más variadas cosas y con ellas había disfrutado de momentos inolvidables... pero ese camino estaba terminando... sentía una mezcla de emociones, pues aunque le entristecía estar cerca del fin, seguía viviendo momentos especiales mientras daba sus últimos pasos... sin embargo, una de las sensaciones que tenía era aquella parecida con la que uno tiene frente a la muerte... de impotencia, de algo que uno no puede cambiar... y él no podía quedar en ese camino, tampoco regresar más tarde, pues todo ya no sería lo mismo, sobretodo porque las personas que conoció ya no estarían más allá... además, terminar ese camino le daba una sensación de incertidumbre, pues no sabía cual dirección tomar después, cual camino seguir... no sabía lo que encontraría, si sería un camino sombrío, si sería otro camino rellenado de buenas sorpresas... en fin, no sabía lo que iba a pasar... mientras tanto, daba sus últimos pasos alternando lágrimas y sonrisas...
Tiago Elídio...

domingo, 28 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

à beira...

seus olhos estavam em direção ao horizonte... seus ouvidos escutavam as ondas do mar que se chocavam com as pedras... sua pele sentia o vento forte e tempestuoso que quase o jogava precipício abaixo... mas ele continuava ali, estático, sem saber o que fazer... em alguns momentos, tinha vontade de saltar, mas sentia que não conseguiria, no entanto... necessitava da ajuda de alguém... gritou... gritou o mais forte que pode, pois queria tirar aquele peso das costas... depois disso, aguardava... não sabia se iam lhe dar um empurrãozinho em direção ao abismo ou se iam dar uma mão amiga que o puxasse dali... aguardava...
Tiago Elídio...

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

pássaros voando...

estava sentado no banco da praça... bem à sua frente, vários pássaros comiam migalhas de pão que uma velha senhora lhes dava... era uma bonita imagem... sem pensar, tirou sua máquina fotográfica da sua bolsa e começou a fotografar... primeiro a cena em um plano mais aberto... depois começou a usar o zoom e assim a aproximar-se mais dos pequenos seres que se alimentavam e o encantavam... apesar de se parecerem uns com os outros quando vistos de longe, era possível notar melhor as diferenças de perto... teve vontade de pegá-los e acariciá-los... guardou sua câmera de volta em sua bolsa e tentou se aproximar... mas os pássaros, ariscos, se afastavam... tentou ganhar sua confiança dando comida, como a velha senhora, que havia ido embora, mas não conseguiu... eles se afastavam à medida que ele se aproximava... um, no entanto, ficou imóvel e o olhava atento... ficou também parado, sem saber como se aproximar... então colocou um pedaço de pão em sua mão e o esperou... o passarinho, através de pequenos pulinhos, começou a se aproximar... chegou, por fim, em sua mão... com a outra, pegou-o e começou a lhe fazer carinho... o pequeno pássaro parecia gostar, era como se estivesse sorrindo através de seu bico... então percebeu que outro pássaro se aproximava para tentar pegar a comida que havia caído do anterior... era também muito bonito... reluzia a luz do sol... então também tentou pegá-lo, mas o pássaro da outra mão se foi... o outro, que havia permitido somente um leve toque, também saiu voando... todos batendo suas asas em direção ao céu...
Tiago Elídio...

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

pájaros volando...

"J'étais là, attentif, les observant, avide de les connaître, m'approchant d'eux, petit à petit, les découvrant chacun à leur tour. Je restais là, tentant de m'approcher davantage. Je cherchais le plus joli, celui qui me ressemblerait le plus. Je les regardais, tous mélangés, en mouvement, se dispersant. Je les voyais s'éloigner chaque fois plus. Je devais rester attentif, ne pas me tromper, ne pas le manquer, car à la fin tous s'envoleront. Il n'en restera aucun. Comme me disait un ami : « mieux vaut un oiseau dans la main, que deux en train de voler. » il n'avait pas tort, encore faut-il avoir le bon... et moi, je ne suis pas né avec des ailes."
F. W.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Volta com pôr do sol



No sábado passado, no aeroporto de Chicago, esperava o voo que me levaria de volta a São Paulo. Diante de mim, uma longa parede de vidro mostrava, além dos aviões estacionados, um pôr do sol glorioso e dilacerante.
Por alguma sabedoria (consciente ou não), meus companheiros de espera estavam quase todos sentados de costas para a janela. Alguns poucos, pela posição de seus assentos, teriam condição de contemplar o pôr do sol, mas não levantavam os olhos de seu notebook.
Oscar Wilde afirmava que o pôr do sol só passou a existir com as pinturas de William Turner, no começo do século 19; era um jeito de dizer que a natureza está lá desde sempre, mas é a arte que nos ensina a enxergá-la. Concordo. E há outras razões pelas quais o pôr do sol é uma experiência especificamente moderna.
Nos últimos 300 anos, atribuímos mais importância à existência individual de cada um do que à vida de grupos, tribos e nações, ou seja, salvo momentos vacilantes de fé em ressurreição ou reencarnação, nossa morte nos parece acabar com tudo o que importa. Somos, portanto, especialmente sensíveis ao fim do dia, cujo espetáculo acarreta consigo a lembrança dolorosa do fim de nossa jornada, que se aproxima.
A psicopatologia reconhece, aliás, a existência, em alguns indivíduos, de variações sazonais do humor: depressão no outono e no começo do inverno e, às vezes, exaltação maníaca na primavera. Pode ser que a alternância das estações, sobretudo onde elas são mais marcadas, longe do Equador e dos trópicos, produza mudanças no metabolismo. Mas pode ser, simplesmente, que a alternância das estações lembre o ciclo de nossa vida, e o outono seja o equivalente anual do fim da tarde de cada dia.No caso do pôr do sol de sábado, em Chicago, visto da sala de espera de um aeroporto, era como se a iminência da viagem tornasse a experiência mais triste. Por quê?
Há um quadro de Jean-François Millet, que todo mundo conhece, "O Ângelus", pintado em 1859. Nele, um casal de camponeses, no meio da lavoura, ouve os sinos do ângelus vespertino (à distância, vê-se o campanário de uma igreja). Os sinos dizem que é a hora de rezar e que o dia acabou.
Deveria emanar do quadro uma sensação intensa de paz: seu ofício cumprido, o casal logo voltará para o calor pobre, mas digno, de seu lar. Mas esse retrato de uma vida simples e reta sempre foi, para mim (e não só para mim), estranhamente aflitivo. Acontece que o ângelus vespertino é um toque de paz só para quem tem uma casa para a qual voltar. Para os outros, é o sinal melancólico de uma perda sem remédio.
Tudo bem, viajei muito. Várias vezes, ao longo da vida, mudei de língua e país, mas o que importa aqui não são os acidentes de minha história. A modernidade se define pela viagem, pela decisão de não aceitar que o lugar onde nascemos seja nosso destino -por exemplo, pela vontade de deixar o campo e ir para a cidade. É assim desde o século 13 ou 14, quando a gente começou mesmo a circular -primeiro pela Europa, depois pelos mares e por terras incógnitas e agora pelos céus e mundo afora.
Na "Divina Commedia" (que é uma enciclopédia da modernidade incipiente), Dante descreve assim o fim da tarde (minha tradução em prosa de "Purgatório, 8, 1-6"): "Já era a hora em que o desejo volta aos navegantes, e seu coração é enternecido pela lembrança do dia em que disseram adeus a seus doces amigos; é também a hora que fere de amor o novo viajante, se ele ouve de longe um sino que parece chorar o dia que está morrendo."Pelo gênio de Dante, o desejo dos navegantes não é, como se esperaria, o anseio de novas terras no horizonte de sua viagem. Claro, a viagem os seduz, mas seu desejo é nostalgia do que eles deixaram atrás, do que perderam por se tornarem viajantes.
E perderam o quê? Sobre que perdas se funda a subjetividade moderna -a nossa, livre e andarilha? Este é o custo básico da liberdade e da autonomia que prezamos acima de tudo: a gente renuncia, antes de mais nada, ao calor do lar -aquele lar que nos esperaria ao fim de cada dia, se tivéssemos ficado no campo, com os camponeses de Millet.
Alguém dirá: que drama é esse? Perde-se a casa dos pais, mas a gente faz outra. Não tem um ditado que diz: "Quem casa quer casa?".
Tem, sim, e, justamente, uma razão pela qual casar-se é tão complicado, é que a gente casa porque quer não "uma" casa, mas "aquela" casa, a que a gente perdeu e nunca vai reencontrar. Enfim, tudo isso escrito enquanto, justamente, volto para casa.
Contardo Calligaris

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

"Bueno, nunca os lo he contado, pero a mí me cuesta mucho trabajo vivir. Siempre, desde siempre. Es algo difícil de explicar, como a vosotros no os pasa seguramente no lo entenderéis, pero yo siempre he sentido que vivía dentro de un túnel, a oscuras, aparte, lejos de todo. Veía luces al principio y al final, sabía que existía el mundo, más gente, el sol, la luz, las calles, mis padres, todo eso, pero no podía salir, ni siquiera quería salir de allí, era demasiado esfuerzo. Nunca os lo he contado, pero a mí me da todo mucha pereza, despertarme por la mañana, levantarme de la cama, vestirme, desayunar, todo eso me cansa mucho, estoy muy cansado antes de hacer nada, tengo que obligarme a hacer las cosas que los demás hacen sin darse cuenta. y a medida que consigo hacerlas, me siento menos cansado, y no más, es muy raro..."
Castillos de Cartón...

domingo, 24 de janeiro de 2010

Saudades de não sei o quê

Pensei bem e decidi: vou largar a barra da saia da mamãe. Deixar pra trás a cama sempre arrumada, as roupas limpas, o leite no pires. Não quero mais ganhar presentes sem merecer, nem afagos a qualquer hora do dia. Me cansei dessa vida de filho único. Estou com saudades de não sei o quê; só sei que é de coisa que não vivi. Não quero mais gastar meus dias entre livros. Não quero mais perder a noção do tempo imerso num mundo que não é o meu. Preciso descobrir o que existe do outro lado; sentir o perigo perto. Quero sentir medo. Quero sentir paixão; sentir o sangue pulsando agitado da ponta dos pés às orelhas.

Quero a prova de que tudo o que ouço é verdade. Quero experimentar novos sabores… azedos demais, salgados demais, amargos… Preciso de um corte no dedo que cicatrize sem curativo. Preciso esperar no ponto por um ônibus que não vai chegar nunca; e vou olhar para o relógio mil vezes enquanto isso. E quando todas essas coisas já forem rotina para mim vou correr na chuva, chorar ouvindo uma música, pegar um resfriado, ficar na cama sentindo a solidão, esperar telefonemas que não vão acontecer.

Mas quando a felicidade me pegar de jeito, vou senti-la plenamente em cada poro, em cada célula do meu corpo. E celebrá-la, como se eu pudesse ser o último no mundo a senti-la.

Abro os braços, inspiro fundo e me lanço da janela. Quatorze metros e meio até o chão. Restam seis vidas.

Ana Angélica Martin

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

hoy me desperté medio lesbiana...

hoy me desperté medio lesbiana... no sé que me ha pasado, pero desde que abrí los ojos por la mañana, sentí que algo estaba distinto... tal vez fue por consecuencia de algún sueño, donde estaba con una mujer y me lo pasaba muy bien... pero no me acuerdo... lo que sé es solamente que tuve esa sensación, no más... y mientras desayunaba, no podía parar de pensar en eso... y me imaginaba con una chica... cuando percibí, estaba lamiendo la cuchara del café y imaginando cosas y me sorprendí... no me parecía raro, pero tampoco era algo que me dejaba muy confortable al inicio, pues nunca había estado con una chica... pero fui acostumbrándome mejor con la idea mientras pasaban las horas y más imágenes de mí con otras mujeres me pasaban por la mente... al medio día, ya estaba con mucha hambre y las ganas de probar una mujer ya me salía del control... no paraba de mirar fijamente a todos los seres del sexo femenino que pasaban delante de mí... y más una vez me sorprendí, pues tenía la boca medio abierta y uno o dos de mis dedos entre mis labios... ya empezaba a parecerme una locura... no entendía por cuales razones hoy me había despertado medio lesbiana... no sé si eran mis hormonas... si era la falta de sexo en las últimas semanas... si eran ganas de probar cosas nuevas... no lo sabía, sólo sabia que hoy me había despertado medio lesbiana... por la tarde, llamé a mi amigo... necesitaba hablar sobre eso con alguien, aunque le pudiera parecer algo muy raro... y así realmente ha pensado mi amigo... después de algunas carcajeadas, me preguntó si yo había fumado marihuana... entonces resolví decirle que realmente estaba bromeando, aunque no lo estaba... pero me pareció mejor guardar eso para mí, pues me parece que es difícil para que la gente comprenda cosas que están fuera del común... una lástima, pero así es... entonces tomé otra decisión, salir por la noche y ver si encontraba alguna chica.... las horas vespertinas tardaron mucho a pasar y no conseguía de manera alguna concentrarme en mi trabajo... apenas pensaba en la posibilidad de conocer alguna chica por la noche... pero aunque tardó mucho, llegó el final del expediente y pude por fin ir a la casa.... a la caza, en verdad... salí del trabajo y me fui directamente a un bar... me senté, pedí una cerveza y me puse a mirar posibles blancos... no había muchos en verdad... algunas ya estaban acompañadas y otras estaban en círculos de amigos y por lo tanto medio encerradas... pero hubo un momento en que una linda mujer adentró el bar y se sentó sola... es esa, me dije... y me puse a mirarla como si estuviera bajo el efecto de hipnosis... ella percibió y se quedó mirando recíprocamente por unos instantes y después cambió la dirección de la mirada... pero pronto volvió a mirarme... yo no sabía si me miraba porque yo era una persona rara o si también estaba interesada... entonces pedí una caipiriña de fresa... necesitaba algo más fuerte para tomar alguna iniciativa, pues todavía sentía una tensión en mi cuerpo... pero la seguí mirando y percibí que ella parecía abierta a una conversación, pues hubo una vez que me miró sonriendo... me dirigí entonces a su mesa y le pregunté si podía sentarme ahí... me dijo que sí con una sonrisa... entonces me senté y nos pusimos a hablar... era una mujer muy encantadora... sus ojos me hipnotizaban... pero yo todavía me preguntaba porque hoy me había despertado medio lesbiana... sin embargo, después de terminar mi copa, ya no pensaba mucho más en nada, apenas tenía ganas de besarle... y se lo dije... su reacción me sorprendió... no me miró raro como si yo fuera un alienígena, tampoco se puso enojada como si yo estuviera diciéndole un absurdo... su reacción fue muy sencilla... cogió mi mano con una de sus manos, la otra puso en mi rostro y enseguida me besó... yo no lo podía creer... estaba besando una mujer y era muy buena la sensación... me sentía feliz por el beso y por haber logrado mi objetivo... pero todavía no entiendo muy bien porque hoy me desperté medio lesbiana, yo, un chico gay que le gustan mucho los hombres... pero hay cosas que es mejor no entender y apenas sentir... y bueno, mañana veré como me despertaré...
Tiago Elídio...

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

"If you can't change reality, change your perception of it."
Audre Lorde... In: Zami: A New Spelling of My Name...

domingo, 10 de janeiro de 2010

"Dónde está el niño que yo fui,
sigue adentro de mí o se fué?

Sabe que no lo quise nunca
y que tampoco me quería?

Por qué anduvimos tanto tiempo
creciendo para separarnos?

Por qué no morimos los dos
cuando mi infancia se murió?

Y si el alma se me cayó
por qué me sigue el esqueleto?"

Pablo Neruda...