domingo, 16 de novembro de 2008

terça-feira, 11 de novembro de 2008

o poder do travesseiro...

pegou o travesseiro que estava sobre a cama, levou-o ao peito e o abraçou bem forte... um daqueles abraços de urso bem aconchegantes e demorados... com os olhos fechados, pensou em todas as pessoas que gostaria muito de compartilhar carinho... deteve-se em uma em especial... ergueu o travesseiro a altura do rosto, encostando o ouvido no tecido leve e suave... buscava sentir um coração que batesse... sua mente o fez então sentir a pulsação... uma energia correu por todas as veias do seu corpo, propiciando-lhe uma sensação de bem-estar... foi levado a outra dimensão, em êxtase... respirou fundo... e lentamente abriu os olhos, sentindo-se repleto de carinho...
Tiago Elídio...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

sons...

tô fraco... tô fraco... tô fraco... gritava uma galinha d'angola que se encontrava perto dele... compartilhava da sensação da ave... sentado ali naquela rede, não tinha muita força para fazer nada... nem vontade, na verdade... queria só ficar ali, a observar os animais da chácara... os pássaros voavam acima da sua cabeça, fazendo pousos e decolagens em vários passaroportos... alguns cantavam, como o bem-te-vi... mas mal se viam... só ouviam-se seus gritos imperativos vindo do meio de algumas árvores... lá também estava a habitação do joão-de-barro... um lugar simples mas aconchegante... como a rede onde agora já se encontrava deitado... dali também podia escutar o canto das cigarras... havia chegado a época de acasalamento e elas estavam desesperadas, gerando um som ensurdecedor... não entendia como aquilo poderia funcionar como um flerte... mas assim era... e em meio a esse som perturbador, acabou fugindo da realidade e dormindo... em seu sonho, era uma dessas cigarras cantantes em busca de parceria...
Tiago Elídio...

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

diálogos...

"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: Quero é uma verdade inventada."
Clarice Lispector...

"E digo mais, Clarice... Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas em preto e branco. Eu não: Quero é uma vida colorida."
Tiago Elídio...

domingo, 2 de novembro de 2008

uma pedra no meio caminho...

caminhava tranquilo pela calçada rumo ao seu compromisso... passo a passo observava o dia que estava começando... de repente, um susto... viu algo estranho no meio do caminho... uma árvore completamente nua... havia sido totalmente abusada, violada, mutilada... seus membros todos jogados no chão... entre eles, estava um de seus companheiros do dia-a-dia, perdido, sem saber o que fazer... voava de um lado pro outro em busca de seu ninho que estava junto aos verdes destroços... pegava uns fios aqui, levava-os ali, apenas por instinto... estava desnorteado... como era possível isso acontecer?... seguiu pensando na triste imagem... ao voltar, já não havia mais nada... nem folhas, nem troncos, nem pássaro... todos os vestígios haviam sido removidos... restava apenas aquela árvore... imóvel e envergonhada pela violência sofrida...
Tiago Elídio...

sábado, 1 de novembro de 2008

eu vi gnomo...

olhava atentamente para a cara da professora... ela discorria sobre problemas gramaticais... mas ele não estava prestando atenção para esse fato, na verdade... apesar do olhar atento aos movimentos bocais daquela que estava na frente da sala, sua mente estava em outra dimensão... pensava na existência dos gnomos... como eram... onde viviam... quando apareciam... quem os via... que emoções traziam... enfim... pensava nessas questões que o levavam para fora daquela aula chata... será que isso já seria algum efeito dos gnomos?
Tiago Elídio...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

maré...

o sol estava bem quente... queimava fortemente seu rosto... mas ele não sentia... estava dormindo... insensível ao que acontecia ao seu redor... estava tão cansado, que a dor já não lhe fazia mais tanta diferença... o mar, bem próximo, estava bastante agitado... a maré começou a subir... subitamente, despertou sentindo a água tomar conta do seu corpo... as ondas estavam fortes... ele não sabia o que fazer... não havia mais como sair dali... começou a nadar tentando encontrar uma solução... mas não conseguia... viu-se nadando inutilmente contra a corrente... já não tinha mais força nem paciência de seguir lutando... então, calmamente, parou de se debater e se deixou afundar... e assim foi...
Tiago Elídio...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

montanha-russa...

seu coração começa a bater mais rápido... você está prestes a entrar nesse grande brinquedo e passar por uma aventura gigantesca... você abre a portinha, acomoda-se no assento e então, sem perceber, inicia a jornada... no começo você chora, sem entender muito bem o que está acontecendo... mas, do seu lado, há duas grandes companhias... elas seguram sua mão e ensinam como enfrentar esse desafio... e então o carrinho segue e você começa a se divertir... novas pessoas vão adentrando à medida que o caminho se desenrola... algumas, inclusive, fazem com que seu coração dispare ainda mais e você grite alto sem medo de ser feliz... mas às vezes há quedas, e você se sente inseguro, com medo, acaba passando mal, vomitando, querendo loucamente sair desse negócio... mas eis que você passa novamente por pontos altos, indo praticamente nas nuvens, como se tivesse asas... e assim você vai seguindo... vivendo as mais loucas emoções... e pessoas continuam entrando e saindo... às vezes algumas somente dão uma paradinha e voltam mais tarde... outras saem e não voltam mais... mas você continua lá, enfrentando essa grande montanha-russa, cheia de altos e baixos, seguindo o fluxo ao infinito...
Tiago Elídio...

dedicado a Daniel Zahori (umapitada.blogspot.com), pelo papo que inspirou esse texto...

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

impotência...

uma pessoa morre... não necessariamente biologicamente... morre somente pra você... e não há nada que se possa fazer... a sensação é a mesma frente a outros difíceis fatos cotidianos... a impossibilidade de se fazer algo fazem lágrimas escorrerem face abaixo... e também morrerem ao cairem no chão... sendo enterradas ali... o luto é preciso... lutar é preciso... não há outra coisa que se possa fazer...
Tiago Elídio...

terça-feira, 14 de outubro de 2008

replay...

não conseguia parar de ouvir aquela canção... sua melodia penetrava-o de maneira suave... sua letra entrava aos ouvidos como se fossem sussurros inebriantes... era uma música que o fazia fechar os olhos e sentir-se leve... sentir-se aliviado... sentir-se apenas... era uma grande sinestesia de sentidos que percorria todo seu corpo... era como se fossem mãos lhe fazendo carinho... levando-o a uma outra realidade... um som que o fazia levitar a uma esfera distinta... como se estivesse flutuando no ar... trazendo-lhe conforto... não conseguia parar de ouvir aquela canção...
Tiago Elídio...

aquela canção: Anytime... Jane Siberry...

dedicado à Lyne...

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

acontecimentos...

o menino pergunta ao pai se ele acredita no acaso, se acredita em destino... o pai responde que se a gente pensa em alguém e esse alguém liga a gente acha que é obra do destino, que está previsto nas estrelas, é sobrenatural... mas quando a gente não pensa nessa pessoa e ela liga ou quando pensamos e ela não liga, passa despercebido... é estranho... difícil saber no que pensar... seria tão bom poder acreditar que certas coisas acontecem porque têm que acontecer... isso é confortante, dá esperança... mas é difícil acreditar... fica-se com um pé atrás sempre... difícil saber no que acreditar com todas essas incredulidades contemporâneas... mas algumas coisas impressionantes realmente acontecem... será que existe um fluxo de energia entre as pessoas que fazem essas "casualidades" acontecerem? é bom pensar que sim... e aproveitar essa sensação boa que vem junto com esses acontecimentos... sem tentar pensar muito se isso é coincidência ou destino... apenas aproveitar as sensações...
Tiago Elídio...

dedicado à Lyne, que muito contribuiu para esse texto! =)

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

sábio caio f. abreu...

Extremos da Paixão

Não, meu bem, não adianta bancar o distante
lá vem o amor nos dilacerar de novo..."


Andei pensando coisas. O que é raro, dirão os irônicos. Ou "o que foi?" - perguntariam os complacentes. Para estes últimos, quem sabe, escrevo. E repito: andei pensando coisas sobre amor, essa palavra sagrada. O que mais me deteve, do que pensei, era assim: a perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais. Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro(a)- mas a morte é inevitável, portanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor - essa pessoa - continua vivo(a), há então uma morte anormal. O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS quem morreu. E dói mais fundo- porque se poderia ter, já que está vivo(a). Mas não se tem, nem se terá, quando o fim do amor é: NEVER.

Pensando nisso, pensei um pouco depois em Boy George: meu-amor-me-abandonou-e-sem-ele-eu-nao-vivo-então-quero-morrer-drogado. Lembrei de John Hincley Jr., apaixonado por Jodie Foster, e que escreveu a ela, em 1981: "Se você não me amar, eu matarei o presidente". E deu um tiro em Ronald Regan. A frase de Hincley é a mais significativa frase de amor do século XX. A atitude de Boy George - se não houver algo de publicitário nisso - é a mais linda atitude de amor do século XX. Penso em Werther, de Goethe. E acho lindo.

No século XX não se ama. Ninguém quer ninguém. Amar é out, é babaca, é careta. Embora persistam essas estranhas fronteiras entre paixão e loucura, entre paixão e suicídio. Não compreendo como querer o outro possa tornar-se mais forte do que querer a si próprio. Não compreendo como querer o outro possa pintar como saída de nossa solidão fatal. Mentira: compreendo sim. Mesmo consciente de que nasci sozinho do útero de minha mãe, berrando de pavor para o mundo insano, e que embarcarei sozinho num caixão rumo a sei lá o quê, além do pó. O que ou quem cruzo entre esses dois portos gelados da solidão é mera viagem: véu de maya,ilusão,passatempo. E exigimos o terno do perecível, loucos.

Depois, pensei também em Adèle Hugo, filha de Victor Hugo. A Adèle H. de François Truffaut, vivida por Isabelle Adjani. Adèle apaixonou-se por um homem. Ele não a queria. Ela o seguiu aos Estados Unidos, ao Caribe, escrevendo cartas jamais respondidas, rastejando por amor. Enlouqueceu mendigando a atenção dele. Certo dia, em Barbados, esbarraram na rua. Ele a olhou. Ela, louca de amor por ele, não o reconheceu. Ele havia deixado de ser ele: transformara-se em símbolosem face nem corpo da paixão e da loucura dela. Não era mais ele: ela amava alguém que não existia mais, objetivamente. Existia somente dentro dela. Adèle morreu no hospício, escrevendo cartas (a ele: "É para você, para você que eu escrevo" - dizia Ana C.) numa língua que, até hoje, ninguém conseguiu decifrar.

Andei pensando em Adèle H., em Boy George e em John Hincley Jr. Andei pensando nesses extremos da paixão, quando te amo tanto e tão além do meu ego que - se você não me ama: eu enlouqueço, eu me suicido com heroína ou eu mato o presidente. Me veio um fundo desprezo pela minha/nossa dor mediana, pela minha/nossa rejeição amorosa desempenhando papéis tipo sou-forte-seguro-essa-sou-mais-eu. Que imensa miséria o grande amor - depois do não, depois do fim - reduzir-se a duas ou três frases frias ou sarcásticas. Num bar qualquer, numa esquina da vida.

Ai que dor: que dor sentida e portuguesa de Fernando Pessoa - muito mais sábio -, que nunca caiu nessas ciladas. Pois como já dizia Drummond, "o amor car(o,a,) colega esse não consola nunca de núncaras". E apesar de tudo eu penso sim, eu digo sim, eu quero Sins.

Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

balanço...

nheque, nheque... nheque, nheque... e assim no seu ir e vir o balanço dava vida à sua existência meio parada... dependia sempre da ajuda de alguém para isso... no mais, ficava ali tranquilo e sem movimento... chegando até a enferrujar-se... nheque, nheque... nheque, nheque... a jovem que estava sentada sobre ele mal percebia a diferença que fazia... estava ali imersa em seus pensamentos, num ir e vir constante, sem saber onde parar... apenas dava alguns impulsos às vezes para seguir movimentando-se, mas eles foram ficando cada vez mais fracos... até que o barulho se desfez e ela se foi... deixando o balanço à espera de uma nova companhia que mexesse com ele...
Tiago Elídio...

terça-feira, 9 de setembro de 2008

pílulas digestivas...

inesperadamente algumas coisas acontecem... às vezes isso é bom... às vezes, não... às vezes, tanto faz... pelo simples fato de não terem sido esperadas, talvez possam causar um estranhamento, necessitarem ser processadas... digeridas... precisam, assim, se converterem em compostos absorvíveis pelo organismo... nem sempre é um processo fácil... pode ser algo rápido, pode demorar, ou simplesmente pode não acontecer... depende de como o corpo do indivíduo reage frente à esse objeto estranho... mas muitas vezes tudo isso pode ser facilitado por algumas pílulas que ajudam na digestão... simples assim, basta ingeri-las... seria ótimo poder sair por aí distribuindo esses produtos e ajudando nas transformações alheias... mas não há nada que se possa fazer... esse é um processo pessoal e intranferível...
Tiago Elídio...

dedicado à Aline Fonte... fonte de inspiração... =)

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

decisões...

a vida é feita de decisões... esse é um velho clichê que todos estão carecas de saber... o mesmo pode-se dizer dessa metáfora, mais um clichê... vemos assim que a vida é feita também de clichês... mas voltemos então às decisões... hoje resolvi fumar... quero dizer, resolvi começar a fumar, pois ainda não fui às vias de fato... mas tomei essa decisão pois estou muito saudável... não me interpretem mal... não quero ter um câncer de pulmão ou coisa do gênero... apenas não quero ser um daqueles velhinhos da terceira idade que vão fazer ginástica com outros velhinhos saudáveis porque já não tem os amigos de antes... que morreram por infartos, cânceres e outros problemas decorrentes de suas vidas sedentárias... não me interpretem mal aqui também... não é esse o fim que desejo aos meus amigos... mas o fato é que preciso de algo para contrabalancear essa vida esportista que ando levando... e nada melhor que um... ou dois... ou três... cigarrinhos por dia... para aliviar a ansiedade, inclusive... essa é minha decisão! tem fogo aí?

Tiago Elídio...

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

quadrados amigos...

A.L.I.N.E diz:
bom, é isso né?
A.L.I.N.E diz:
cada um no seu quadrado
Ti.a..go... diz:
acho q sim
A.L.I.N.E diz:
rs
Ti.a..go... diz:
uhahaha

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

dialogando...

o voo estava atrasado... teria que esperar ainda mais alguns eternos minutos no aeroporto... esse lugar de intensas idas e vindas... partidas e chegadas... encontros e desencontros... alegrias e tristezas... não tinha muito o que fazer a não ser sentar e esperar... procurou alguma cadeira vazia e se acomodou... depois, pegou seu Caio Fernando Abreu na mochila e começou a ler... alguns rápidos minutos se passaram e terminou a leitura... extasiado... como era bom ler algo assim... era reconfortante e, acima de tudo, sublime... desejou que as pequenas epifanias do texto também acontecessem com ele... olhou para um lado... para o outro... nenhuma epifania à vista... então se pôs a observar as pessoas que ali também esperavam... e a imaginar como seria a vida de cada uma... uma mulher estava sorridente... talvez feliz por em breve retornar à sua casa... ou então feliz por sair de um lugar que lhe foi hostil... perto dela, estava uma outra mulher, um pouco mais velha... ao contrário da outra, estava com a cara fechada e um olhar distante... parecia não se importar muito com o que se passava ao seu redor... ou então com sua própria vida... apática e solitária... do outro lado, havia um jovem garoto... ele também estava em silêncio... além disso, tinha os olhos inchados e pequenas lágrimas sutis escorrendo face abaixo... parecia não se importar se o vissem dessa forma... nem que lhe dessem os costumeiros rótulos que costumam colocar em homens que fazem isso... talvez seu coração havia se quebrado... havia também algumas crianças correndo para lá e para cá, ainda vivendo sem se preocupar com essas questões do mundo adulto... depois, como se estivesse em frente a um espelho, começou a olhar a si mesmo... mas não teve tempo de se analisar... haviam chamado para o embarque... e assim foi, rumo à alguma epifania distante...
Tiago Elídio...

terça-feira, 26 de agosto de 2008

um pouco de caio f. abreu...

Há alguns dias, Deus — ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus —, enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor. Ou disso que chamamos, também com descuido e alguma pressa, de amor. E você sabe a que me refiro.

Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer — eu já estava lá dentro. E estar dentro daquilo era bom. Não me entenda mal — não aconteceu qualquer intimidade dessas que você certamente imagina. Na verdade, não aconteceu quase nada. Dois ou três almoços, uns silêncios. Fragmentos disso que chamamos, com aquele mesmo descuido, de "minha vida". Outros fragmentos, daquela "outra vida". De repente cruzadas ali, por puro mistério, sobre as toalhas brancas e os copos de vinho ou água, entre casquinhas de pão e cinzeiros cheios que os garçons rapidamente esvaziavam para que nos sentíssemos limpos. E nos sentíamos.

Por trás do que acontecia, eu redescobria magias sem susto algum. E de repente me sentia protegido, você sabe como: a vida toda, esses pedacinhos desconexos, se armavam de outro jeito, fazendo sentido. Nada de mal me aconteceria, tinha certeza, enquanto estivesse dentro do campo magnético daquela outra pessoa. Os olhos da outra pessoa me olhavam e me reconheciam como outra pessoa, e suavemente faziam perguntas, investigavam terrenos: ah você não come açúcar, ah você não bebe uísque, ah você é do signo de Libra. Traçando esboços, os dois. Tateando traços difusos, vagas promessas.

Nunca mais sair do centro daquele espaço para as duras ruas anônimas. Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração. Mas no quarto, quinto dia, um trecho obsessivo do conto de Clarice Lispector "Tentação" na cabeça estonteada de encanto: "Mas ambos estavam comprometidos. Ele, com sua natureza aprisionada. Ela, com sua infância impossível". Cito de memória, não sei se correto. Fala no encontro de uma menina ruiva, sentada num degrau às três da tarde, com um cão basset também ruivo, que passa acorrentado. Ele pára. Os dois se olham. Cintilam, prometidos. A dona o puxa. Ele se vai. E nada acontece.

De mais a mais, eu não queria. Seria preciso forjar climas, insinuar convites, servir vinhos, acender velas, fazer caras. Para talvez ouvir não. A não ser que soprasse tanto vento que velejasse por si. Não velejou. Além disso, sem perceber, eu estava dentro da aprendizagem solitária do não-pedir. Só compreendi dias depois, quando um amigo me falou — descuidado, também — em pequenas epifanias. Miudinhas, quase pífias revelações de Deus feito jóias encravadas no dia-a-dia.

Era isso — aquela outra vida, inesperadamente misturada à minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava: uma pequena epifania. Em seguida vieram o tempo, a distância, a poeira soprando. Mas eu trouxe de lá a memória de qualquer coisa macia que tem me alimentado nestes dias seguintes de ausência e fome. Sobretudo à noite, aos domingos. Recuperei um jeito de fumar olhando para trás das janelas, vendo o que ninguém veria.

Atrás das janelas, retomo esse momento de mel e sangue que Deus colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver: uma possibilidade de amor. Curvo a cabeça, agradecido. E se estendo a mão, no meio da poeira de dentro de mim, posso tocar também em outra coisa. Essa pequena epifania. Com corpo e face. Que reponho devagar, traço a traço, quando estou só e tenho medo. Sorrio, então. E quase paro de sentir fome.


(Publicado no jornal "O Estado de S. Paulo", 22/04/1986)

domingo, 24 de agosto de 2008

transformações...

Todo se transforma
Jorge Drexler

Tu beso se hizo calor,
luego el calor, movimiento,
luego gota de sudor
que se hizo vapor, luego viento
que en un rincón de La Rioja
movió el aspa de un molino
mientras se pisaba el vino
que bebió tu boca roja.

Tu boca roja en la mía,
la copa que gira en mi mano,
y mientras el vino caía
supe que de algún lejano
rincón de otra galaxia,
el amor que me darías,
transformado, volvería
un día a darte las gracias.

Cada uno da lo que recibe
y luego recibe lo que da,
nada es más simple,
no hay otra norma:
nada se pierde,
todo se transforma.

El vino que pagué yo,
con aquel euro italiano
que había estado en un vagón
antes de estar en mi mano,
y antes de eso en Torino,
y antes de Torino, en Prato,
donde hicieron mi zapato
sobre el que caería el vino.

Zapato que en unas horas
buscaré bajo tu cama
con las luces de la aurora,
junto a tus sandalias planas
que compraste aquella vez
en Salvador de Bahía,
donde a otro diste el amor
que hoy yo te devolvería......

Cada uno da lo que recibe
y luego recibe lo que da,
nada es más simple,
no hay otra norma:
nada se pierde,
todo se transforma.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

transpiração...

às vezes, depois de sucessivos obstáculos, o corpo vai se cansando... o bom humor acaba assim evaporando-se como as gotas de suor... essas vão aumentando cada vez mais até formarem uma grande área instável, com muitas precipitações... e chuvas de granizo começam a cair sobre a cabeça... ferindo... causando dor... desestabilizando... trata-se de uma grande tormenta que atormenta...
Tiago Elídio...

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

um poema do chileno bolaño...

LUPE

Trabajaba en la Guerrero, a pocas calles de la casa de Julián
y tenía 17 años y había perdido un hijo.
El recuerdo la hacía llorar en aquel cuarto del hotel Trébol,
espacioso y oscuro, con baño y bidet, el sitio ideal
para vivir durante algunos años. El sitio ideal para escribir
un libro de memorias apócrifas o un ramillete
de poemas de terror. Lupe
era delgada y tenía las piernas largas y manchadas
como los leopardos.
La primera vez ni siquiera tuve una erección:
tampoco esperaba tener una erección. Lupe habló de su vida
y de lo que para ella era la felicidad.
Al cabo de una semana nos volvimos a ver. La encontré
en una esquina junto a otras putitas adolescentes,
apoyada en los guardabarros de un viejo Cadillac.
Creo que nos alegramos de vernos. A partir de entonces
Lupe empezó a contarme cosas de su vida, a veces llorando,
a veces cogiendo, casi siempre desnudos en la cama,
mirando el cielorraso tomados de la mano.
Su hijo nació enfermo y Lupe prometió a la Virgen
que dejaría el oficio si su bebé se curaba.
Mantuvo la promesa un mes o dos y luego tuvo que volver.
Poco después su hijo murió y Lupe decía que la culpa
era suya por no cumplir con la Virgen.
La Virgen se llevó al angelito por una promesa no sostenida.
Yo no sabía qué decirle.
Me gustaban los niños, seguro,
pero aún faltaban muchos años para que supiera
lo que era tener un hijo.
Así que me quedaba callado y pensaba en lo extraño
que resultaba el silencio de aquel hotel.
O tenía las paredes muy gruesas o éramos los únicos ocupantes
o los demás no abrían la boca ni para gemir.
Era tan fácil manejar a la Lupe y sentirte hombre
y sentirte desgraciado. Era fácil acompasarla
a tu ritmo y era fácil escucharla referir
las últimas películas de terror que había visto
en el cine Bucareli.
Sus piernas de leopardo se anudaban en mi cintura
y hundía su cabeza en mi pecho buscando mis pezones
o el latido de mi corazón.
Eso es lo que quiero chuparte, me dijo una noche.
¿Qué, Lupe? El corazón.

Roberto Bolaño, Los Perros Románticos, 1980-1998.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

poeminhas...

para aline:

sique gritando...
sigue gritando...
gritando...
...


para júlia:

what is that in the sky?
is it a little bird? is it an airplane?
no, it's not anything of that! it's just julia!
just flying away...

muitos pontinhos...

não sei para onde estou indo... há muitos caminhos a escolher...
tornei-me uma reticência humana... e o que segue fica no ar...
Tiago Elídio...

terça-feira, 24 de junho de 2008

pra que tesoura?

estava ele tentando começar seu trabalho, mas não sabia por onde iniciar o recorte... além disso, pensava estar sem tesoura... mas depois de procurar bem, encontrou uma... porém era demasiado pequena... o material era muito grande e não a suportava tão bem... começou então a picotar... depois resolveu rasgar um pedaço aqui, outro ali... em seguida, pegou um pedaço que estava perdido e o colou naquele lugar que estava sem nada... e assim conseguiu... veja como ficou bonito...
Tiago Elídio...

dedicado à Julia! =)

sexta-feira, 20 de junho de 2008

lucky night...

Castle-Time
Chris Garneau

Men doing men thing times
chewing candy and tabacco lines
drinkin heart puned pints
tossing nikels and dimes

Their lookin for an exit signs
their lookin for a lucky night
the darken and boring ryhmes
damn their keeping up old times

My teacher died, even the frying pan cried,
rain fell slowly according to castle-time,
i was only nine

I lookin for an exit signs
i was lookin for a lucky night
and my darken and boring ryhmes
well face it were living in war times

Lets cry about you
lets cry about you, you can't
cry about you

Dont be embaressed
i'wont laugh at you

The river flows north and wines
travelling south you head wind time
the passers by are not kind
but the sky is sublime

Yeah, yeah, yeah, yeah

quarta-feira, 18 de junho de 2008

disneylandia...

Disneylandia
Jorge Drexler


Composição: Arnaldo Antunes / Titâs

Hijo de inmigrantes rusos casado en Argentina con una pintora judía, se casa por segunda vez con una princesa africana en Méjico.
Música hindú contrabandeada por gitanos polacos se vuelve un éxito en el interior de Bolivia.
Cebras africanas y canguros australianos en el zoológico de Londres.
Momias egipcias y artefactos incas en el Museo de Nueva York.
Linternas japonesas y chicles americanos en los bazares coreanos de San Pablo.
Imágenes de un volcán en Filipinas salen en la red de televisión de Mozambique.

Armenios naturalizados en Chile buscan a sus familiares en Etiopía.
Casas prefabricadas canadienses hechas con madera colombiana.
Multinacionales japonesas instalan empresas en Hong-Kong y producen con materia prima brasilera para competir en el mercado americano.
Literatura griega adaptada para niños chinos de la Comunidad Europea.
Relojes suizos falsificados en Paraguay vendidos por camellos en el barrio mejicano de Los Ángeles.
Turista francesa fotografiada semidesnuda con su novio árabe en el barrio de Chueca.

Pilas americanas alimentan electrodomésticos ingleses en Nueva Guinea.
Gasolina árabe alimenta automóviles americanos en África del Sur.
Pizza italiana alimenta italianos en Italia.
Niños iraquíes huídos de la guerra no obtienen visa en el consulado americano de Egipto para entrar en Disneylandia.


nacionalidades, fronteiras, barreiras... o mundo seria muito melhor sem tudo isso...

terça-feira, 17 de junho de 2008

tudo passa?

(...) Tudo passa? Nada passa!
É isso que ninguém tem coragem de nos dizer. A dor da perda, a dor de fracassar, a dor de não corresponder a uma expectativa, a dor de uma saudade, a dor de não saber como agir, de estar perdida, instável, de ter dúvidas na hora de fazer uma escolha, todas estas dores, que parecem pequenas para quem está de fora, nos acompanharão até o fim dos nossos dias. Elas não passam. Elas ficam. Elas aninham-se dentro da gente, o que não deve servir de motivo para pularmos de uma ponte. Mario Quintana escreveu que nós somos o que temos e o que sofremos. Sem dor, sem vida interior.
Não passam as dores, também não passam as alegrias. Tudo o que nos fez feliz ou infeliz serve para montar o quebra-cabeça da nossa ida, um quebra-cabeça de cem mil peças. Aquela noite que você não conseguiu parar de chorar, aquele dia que você ficou caminhando sem saber para onde ir, aquele beijo cinematográfico que você recebeu, aquela visita surpresa que ela lhe fez, o parto do seu filho, a bronca do seu pai, a demissão injusta, o acidente que lhe deixou cicatrizes, tudo isso vai, aos pouquinhos, formando quem você é. Não há nenhuma peça que não se encaixe. Todas são aproveitáveis. Como são muitas, você pode esquecer de algumas, e a isso chamamos de "passou". Não passou. Está lá dentro, meio perdida, mas quando você menos esperar, ela será necessária para você completar o jogo e se enxergar por inteiro.
(Martha Medeiros)

lindo texto enviado por minha linda amiga Aline! =)

quinta-feira, 12 de junho de 2008

- telesp informa... esse número de telefone não existe... tu tu tu...
- mas como não??, pensou ele, ainda com a ilusão de que havia discado errado... tentou então mais uma vez...
- telesp informa...
- maldita!! cala a boca!! como não existe se foi esse o número que ele me passou!?!?... não conseguia acreditar que havia lhe passado o telefone errado... que não queria mais vê-lo... falar com ele... que havia lhe enganado... feito-o de idiota....
que tudo tinha sido em vão... e assim, continuou se afundando cada vez mais em seus pensamentos e maldizendo a mulher da gravação desatualizada da empresa telefônica...
- "telesp informa...", repetiu para si, como um palhaço no circo... no fundo, era como estava se sentindo, um grande palhaço... bem sem graça... inútil... sem público...
trimmm... trimmm....
- maldito telefone!!, gritou assustado e contrariado... alô!!...
- oi, tudo bem?... sou eu... então... depois que você se foi, percebi que tinha te passado meu número
antigo, que não existe mais...

Tiago Elídio...

terça-feira, 10 de junho de 2008

gotas...

às vezes uma grande área de instabilidade se forma... nuvens extremamente carregadas e acinzentadas... não há nada o que fazer... dentro de instantes milhares de gotas irão cair... não há como evitá-las... pelo menos assim impede-se que algo de maior magnitude aconteça... mas nenhuma capa ou guarda-chuva ajuda a proteger dessa tempestade... é necessário deixar que caiam todas as gotas e esperar que a nebulosidade desapareça...
Tiago Elídio...

quinta-feira, 5 de junho de 2008

saudade...

aquele aperto no peito pela falta de algo bom que já não há mais...

saudades de pessoas
e momentos...

sábado, 31 de maio de 2008

viagem...

subiu no ônibus desanimado... não queria fazer aquela viagem... mas algumas surpresas poderiam aparecer no caminho, embora ele não quisesse acreditar nisso... já estava cético demais nessa altura da vida... vinte e poucos anos... vinte e três... que, por coincidência, era o número de seu assento... janela... gostava de apreciar a vista enquanto viajava, perdido em seus pensamentos, viajando em suas divagações... sentou-se e esperou... ainda faltavam alguns minutos para o ônibus partir... mas, com sua ansiedade habitual, havia chegado na plataforma muitos minutos antes... mas agora finalmente estava ali, dentro do ônibus, mais tranquilo... sem perceber, outro sentou-se ao seu lado... poltrona vinte e quatro... “vai pra o interior também?”, perguntou-lhe uma voz rouca, porém doce... virou-se então surpreso, sem conseguir responder a simples pergunta... apenas sinalizou com a cabeça, afirmativamente... sentindo-se indelicado e anti-social, resolveu retomar a conversa, que havia se resumido até então a uma simples sentença... “você também mora em São Paulo?”, perguntou timidamente... “sim, moro ali na Vila Mariana e você?”... “eu também!”... coincidência do destino... “que coisa!!... mas também existe tanta gente aqui em Sampa que fica difícil conhecer os próprios vizinhos, né?!”, continuou, agora mais relaxado... o ônibus então deu a partida e seguiu seu caminho...
Tiago Elídio...

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Definições
Mário Prata

Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue.

Lembrança é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta um capítulo.

Angústia é um nó muito apertado bem no meio do sossego.

Preocupação é uma cola que não deixa o que ainda não aconteceu sair de seu pensamento.

Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer mas acha que devia querer outra coisa.

Certeza é quando a idéia cansa de procurar e pára.

Intuição é quando seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido.

Pressentimento é quando passa em você o trailer de um filme que pode ser que nem exista.

Vergonha é um pano preto que você quer pra se cobrir naquela hora.

Ansiedade é quando sempre faltam muitos minutos para o que quer que seja.

Interesse é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento.

Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado.

Raiva é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes.

Tristeza é uma mão gigante que aperta seu coração.

Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma.

Amizade é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros.

Culpa é quando você cisma que podia ter feito diferente mas, geralmente, não podia.

Lucidez é um acesso de loucura ao contrário.

Razão é quando o cuidado aproveita que a emoção está dormindo e assume o mandato.

Vontade é um desejo que cisma que você é a casa dele.

Paixão é quando apesar da palavra ¨perigo¨ o desejo chega e entra.

Amor é quando a paixão não tem outro compromisso marcado.
Não... Amor é um exagero... também não.
Um dilúvio, um mundaréu, uma insanidade, um destempero, um despropósito, um descontrole, uma necessidade, um desapego?

Talvez porque não tenha sentido, talvez porque não tenha explicação,
Esse negócio de amor, não sei explicar.

terça-feira, 27 de maio de 2008

despertar...

acordou de repente, assustado... pensou que havia passado de onde deveria parar... mas logo avistou a igreja matriz que estava ficando cada vez mais próxima e se tranqüilizou... fazia anos que havia estado ali pela última vez... mas tudo ainda parecia igual... exceto um prédio ou outro que havia sido construído e disputava em tamanho com a torre da igreja... em poucos minutos já estava na rodoviária, minúscula e pouco movimentada... logo ao descer do ônibus, ouviu um cachorro latindo lá, lá, lá longe... lembrou-se de sua infância e de seu amigo canino... como se divertiram juntos... sua imaginação os fazia voar para ares longínquos, como se tivessem asas... pegou sua mala e foi então para a casa de seu pai... cruzou a praça principal, passando pela fonte que só funcionava aos domingos e pelo velho coreto onde cantou com o coral da turma... em seguida, teve seu trajeto interrompido pelo único semáforo da cidade... verde para os outros e vermelho para ele... mas, não se acuou... transgrediu as normas... atravessou a rua e transitou por uma via ou outra... uns diriam que estava perdido, mas não... sabia muito bem onde estava pisando... momentos depois estava naquela casa onde havia vivido anos e anos, passando por várias fases e distintos sentimentos... abriu o portãozinho, caminhou mais alguns passos, girou a maçaneta e lá estava... seu velho pai, cochilando no sofá como antigamente... então, entrou de mansinho e beijou sua careca... ele então acordou de repente, tranqüilo, e sorriu...
Tiago Elídio...

dedico a Rullyan... e aos pais... =)

para um lado... para o outro... para um lado... para o outro... para um lado... para o outro...
e assim calmamente descia uma folha de outono... para se juntar às demais que já haviam ido... elas formariam agora um lindo tapete proporcionador de prazeres creck creck...
Tiago Elídio...

quinta-feira, 22 de maio de 2008

capa colorida...

o dia estava chuvoso e escuro... e ele estava ali no meio daquela tempestade, imóvel, com as gotas rolando... não tinha sequer uma proteção... sua amiga o avistou de longe e correu em sua direção com seu guarda-chuva e sua grande capa colorida... sentiram-se confortados... e começaram a flutuar... era uma capa com poder de levitação... assim foram subindo como se fossem leves balões... foram deixando a área de instabilidade e adentrando céus mais luminosos e alegres... passaram por lindos lugares, avistando tudo... que ia ficando cada vez menor à medida que subiam... subiam... e subiam... até que chegaram no espaço... as estrelas estavam lindas... eis que pegaram carona num cometa que passava, jogaram sua capa para que outra pessoa pudesse aproveitá-la, e se foram, para bem longe da Terra...
Tiago Elídio...

dedicado à minha querida amiga Aline, que me acompanha embaixo da capa...

terça-feira, 20 de maio de 2008

jogo da vida...

- você começa, então, Joãozinho... disse Maria empolgada pra começar o Jogo da Vida...
- 6!... hmm, vou por esse caminho, não quero passar pela universidade... falou João indiferente...
- minha vez!!... 4!!... eba, vou ser médica! 5 mil de salário!
- poxa, eu devia ter passado pela universidade, só vou ganhar mil...
- pois é, Joãozinho, agora já era, não dá pra voltar atrás... sua vez...
- 3... parada obrigatória... dia do casamento... mas eu não quero casar, diz João irritado...
- mas é a regra do jogo, você tem que casar... e pagar dinheiro ao banco pelas despesas... informou Maria...
- mas vou gastar todo meu salário com isso, que injustiça...
- ah, João, pára de reclamar... paga logo e casa de uma vez... eu tenho que te dar um tanto de dinheiro como presente mesmo, toma... minha vez agora... 3 de novo!!... "seu carro quebrou... pague 3 mil para o conserto"... poxa, como assim? esqueci de fazer o seguro... que raiva!!
- aí, tá vendo... depois fica falando de mim, disse Joãozinho... 5!... nossa, finalmente alguma coisa boa... ganhei 5 mil na loteria...
- pois é, fica aí reclamando à toa, disse Maria, sentindo-se injustiçada... 6!... parada obrigatória... casamento... eba! me dá dinheiro de presente aí, Joãozinho, porque casar sai caro mesmo... também não queria me casar agora ainda, não... mas, fazer o que né?
- é, não tem como escapar!... minha vez... 5! "parabéns! você teve trigêmeos!"... como assim?? não quero ter filhos!! ainda mais trigêmeos!! que jogo injusto esse!! e além do mais, "pague 10 mil pelas despesas"... vou à falência desse jeito...
- hahaha, é, quantos filhos... deus me livre... minha vez... 4! "sua casa pegou fogo, pague 50 mil se não tiver seguro"... ai, meu deus, eu não tenho nem seguro, muito menos 50 mil!!! e agora??
- ih, não sei, não, Maria, ve aí no manual do jogo...
- ah, é, o manual... ih, não to achando!... cadê?!... ah, aqui... vamos ver... "quando não tiver dinheiro suficiente, pegar emprestado do banco, devolvendo depois 50% a mais da quantia"... meu deus, que roubo... mas vou fazer o quê?!... não vou conseguir pagar isso nunca...
- pois é... ai, sabe de uma coisa, Maria? cansei desse Jogo da Vida... é muito complicado...
- é, também acho... vamos brincar de algo mais interessante, vai...

Tiago Elídio...

macanudo... liniers...


preciso de um gato! =)

sábado, 17 de maio de 2008

ponto de fuga...

"- um cafézinho, por favor!"... enquanto esperava seu pedido pensava em tudo que ainda tinha por fazer e na grande falta de vontade... queria mais é que o mundo explodisse e ele pudesse enfim ficar livre disso tudo... sua consciência estava ficando cada vez mais pesada... era uma neurose da qual ele não conseguia se livrar... uma batalha interior que o desgastava de tal maneira que sua cabeça parecia que ia explodir... pequenos dilemas que se tornavam grandes angústias... não podia evitar... pegou o isqueiro e acendeu um cigarro... por alguns instantes sentiu-se fora de si, como se estivesse se esvaindo junto com a fumaça... saindo de seu corpo e indo além... era uma fuga necessária... depois, tomou seu café e voltou à realidade... "obrigado!"...
Tiago Elídio...

sexta-feira, 9 de maio de 2008

flechas...

já não estava mais fazendo seu trabalho direito... as flechas não conseguiam mais acertar ninguém... caiam no meio do caminho como se houvesse uma grande barreira de proteção... vez ou outra alguma delas conseguia transpor esse obstáculo, mas atingia somente uma pessoa e não outra, causando assim uma grande dor alheia, pois tal pessoa não era correspondida... e como ele tinha um lado malicioso, às vezes ficava atirando flechas sem parar nessa mesma pessoa, deixando-a totalmente fora de si, perdida, sem saber como agir... ah, esse cupido...
Tiago Elídio...

quarta-feira, 7 de maio de 2008

diálogo...

Ti.a..go... diz:
fiquei MT PUTO com meu celular
Ti.a..go... diz:
daí peguei e segurei ele deitado na cama, na luta
Ti.a..go... diz:
ai vou ficar dormindo, foda-se
Ti.a..go... diz:
ai nao, levanta logo daí
Ti.a..go... diz:
antes q vc durma
Ti.a..go... diz:
andaaa
Ti.a..go... diz:
nao, dorme aí
Ti.a..go... diz:
olha q delicia
Ti.a..go... diz:
huauhahua
Ti.a..go... diz:
naoooo, levanta logo
Ti.a..go... diz:
dái levantei com mt raiva do mundo
Ti.a..go... diz:
huauhauha

terça-feira, 6 de maio de 2008

ânimo...

o carro já estava parado havia algum tempo... a gasolina tinha acabado... não sabia o que fazer para reabastecer... não havia posto nenhum perto... além disso, tampouco conseguia andar a pé... não tinha fôlego algum para buscar uma saída... seu corpo também estava sem combustível... era como se estivesse num deserto e sequer visse um oásis... nem sua imaginação estava funcionando direito... tudo indicava a falta... o vazio... assim, seus olhos foram fechando com a mesma velocidade com que um carro sem gasolina vai parando... bem devagarinho... bem suave... devagarinho... bem...
Tiago Elídio...

segunda-feira, 5 de maio de 2008

bom²

ah como é bom encontrar um bombom!... eis a primeira mordida... milhares de hormônios se esparramam pelo corpo liberando uma sensação de prazer intensa... e instantânea... o corpo pede mais... uma nova mordida... um bem-estar orgasmático de apenas alguns segundos... o corpo implora por mais... comer outro bombom agora é bom ao quadrado... mais mordidas... êxtase... mais... mais... mais!!!
Tiago Elídio...

quinta-feira, 17 de abril de 2008

pedalar...

Pedalava suavamente sua bicicleta vermelha... fazia cerca de meia hora que estava passeando pelas ruas... o sol já estava se pondo, e ela estava renascendo... há tempos que não se dava ao luxo de sair por aí, enamorar-se de si mesma... há tempos que estava escravizada pelo tempo e pelos outros... mas nesse domingo fresco de outono transgrediu... pegou sua bicicleta e saiu por aí... sem rumo... sem direção... sem problemas... sem nada que a pudesse perturbar... como foi bom... necessitava fazer aquilo mais vezes... e com o brisa fresca do anoitecer seguiu seu caminho...
Tiago Elídio...

segunda-feira, 14 de abril de 2008

hi-five

Hand In My Pocket
Alanis Morissette

I'm broke but I'm happy
I'm poor but I'm kind
I'm short but I'm healthy, yeah

I'm high but I'm grounded
I'm sane but I'm overwhelmed
I'm lost but I'm hopeful baby

An' what it all comes down to
Is that everything's gonna be fine fine fine

'Cause I've got one hand in my pocket
And the other one is giving a high five

I feel drunk but I'm sober
I'm young and I'm underpaid
I'm tired but I'm working, yeah

I care but I'm restless
I'm here but I'm really gone
I'm wrong and I'm sorry baby

An' What it all comes down to
Is that everything's gonna be quite alright

'Cause I've got one hand in my pocket
And the other is flicking a cigarette

And what is all comes down to
Is that I haven't got it all figured out just yet

'Cause I've got one hand in my pocket
And the other one is giving the peace sign

I'm free but I'm focused
I'm green but I'm wise
I'm hard but I'm friendly baby

I'm sad but I'm laughing
I'm brave but I'm chicken shit
I'm sick but I'm pretty baby

And what it all boils down to
Is that no one's really got it figured out just yet

I've got one hand in my pocket
And the other one is playing the piano

What it all comes down to my friends
Is that everything's just fine fine fine

'Cause I've got one hand in my pocket
And the other one is hailing a taxi cab...

terça-feira, 1 de abril de 2008

out...

Out!... Ough!... Como dói!... estar de fora às vezes machuca... mas estar dentro às vezes não passa de ilusão... afinal, não cabem todos na mesma embarcação... às vezes uns caem e se afogam, e outros sequer conseguem adentrar... mas os que conseguem, parece que navegam tranquilos e contentes... mas às vezes tormentas e maremotos surgem... out! ough! como dói!...
Tiago Elídio...

domingo, 23 de março de 2008

rótulos...

aventura... terror... suspense... romance... estava cansado de catalogar os livros da biblioteca... cansado também dessa divisão categórica de tudo... tudo tinha que ser taxado de alguma coisa e ser reduzido a um simples adjetivo... não é possível que a bruxa malígna também sonhe com um príncipe encantado?
Tiago Elídio...

quarta-feira, 19 de março de 2008

lágrimas...

Cry Ophelia...
Adam Cohen

Something went wrong
You're not laughing
It's not so easy now to get you to smile
You gotta be strong
To walk these streets
And keep from falling
But when you're not, just let yourself cry

You've been working hard
Just trying to pay the rent
Tryin' to draw the line between who you are and who you invent
But if you throw a stone
Something's gonna shatter somewhere
We're all so fragile
We're all so scared

You say you wanna learn how to live your life without tears
But we've been trying to do that for thousands of years
So go on and cry Ophelia
It's the only thing to do sometimes
You know I'm crying too
Right there with you
It's alright, Ophelia
Everybody cries

Thank god for my bad memory
I've forgotten some of the stupid things that I've done
I've come to a little wisdom through a whole lot of failure
So I watch more carefully what rolls off my tongue

You pray for rain
But you don't want it from a storm
Yeah, you find a rose
And cut your finger on a thorn
So go on and cry, Ophelia
It's the only thing to do sometimes
You know I'm crying too
Right there with you
It's alright, Ophelia
Everybody cries, Ophelia
It's the perfect thing to do sometimes
You know I'm crying too, right there with you
It's alright, Ophelia
Everybody cries, Ophelia
Cry, Ophelia
I'm crying too, right there with you
It's alright, Ophelia
Everybody cries...

terça-feira, 18 de março de 2008

troca de olhares...

um par de olhos azuis se abria encantado... outro, de olhos castanhos, se abria de maneira comedida, arisco... mal sabiam que uma grande troca seria feita entre eles anos mais tarde... eram muito inocentes até para perceberem o que estava em sua volta naquele momento... eram dois pequenos bebês que ainda precisavam de leite materno... precisavam de apoio e carinho para mais tarde poderem soltar suas garras e viverem completamente, complexamente... eram pequenos seres com um futuro promissor à sua espera, com caminhos que se cruzariam, formando assim laços que se entrelaçariam cada vez mais e se tornariam um emaranhado de emoções intensas... um novo cordão umbilical que uniria esses singelos seres... necessitariam um do outro... dividiriam angústias, dúvidas, medos... mas também compartilhariam conquistas, alegrias, certezas... e era com essas certezas que fechavam os olhos esperando tranqüilos por acontecimentos que se realizariam mais tarde...
Tiago Elídio...

segunda-feira, 17 de março de 2008

ambiguidades...

ser ou não ser, estar ou não estar, existir ou não existir, fazer ou não fazer, que fazer sobre isso? depende de como se vê, ou não se vê... depende do ponto de vista, depende da perspectiva, depende da ambiguidade... ambiguidade que atua como uma língua que não sabe onde lamber, tornando-se quase uma lambiguidade, uma lambida ambigua da língua... lambendo sem parar essas várias facetas, passando por silhuetas, chegando... onde? eis a questão!

Tiago Elídio...

terça-feira, 4 de março de 2008

ambiente favorável...

já se passavam sete minutos da hora programada… tentou entrar meio despercebida… em vão... os olhares voaram todos para cima dela... sentiu-se como se vários pássaros tivessem aterrissado de maneira violenta sobre seu corpo... era quase uma violação... ainda meio atordoada procurou uma cadeira para se sentar no meio de tantas cabeças sem rostos aparentes... por fim, encontrou uma na sétima fileira... porém, ainda teve barreiras a enfrentar... várias pessoas espaçosas atrapalhavam sua chegada ao assento... mas, depois de alguns “com licença”, lá estava ela sentada, olhando para o professor... este ainda arrumava desajeitado o material que havia preparado para a aula... enquanto isso, fotografou mentalmente o local para poder analisar melhor as pessoas que ali se encontravam... havia algumas pessoas comuns em um lado, outros nerds em outro... patricinhas e mauricinhos todos arrumadinhos em seu mundinho fechado ali em um canto... e algumas pessoas outras que lhe chamaram a atenção... uma delas estava na fileira da frente, à esquerda, e vestia uma camiseta com listras branca e preta, usava óculos e allstar vermelhos... em sua mochila havia um bottom da Mafalda gritando “Basta!”... achou bem interessante... uma outra pessoa que percebeu estava três fileiras à frente, à direita... essa possuía um corte de cabelo Amélie Poulain, blusinha verde, e um charmoso piercing em sua orelha... também ficou feliz por ver essa... ATENÇÃO!... ATENÇÃO!... chamava o professor, já pronto... voltou assim à realidade, com a sensação de novas perspectivas por vir... e, portanto...

Tiago Elídio...

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

sufoco...

grãos finos de areia que se desvanecem na imensidão do infinito... uma areia que corrói os olhos de quem vê, cega o mais inocente dos indivíduos endiabrados... torna o mais purificado num ser dilacerado, petrificado, com um coração cinzento, frio, que não bate, tiquetaquea como um relógio com bateria fraca, quase parando, com o ponteiro do segundo se esforçando pra funcionar, como num sonho onde se tenta correr, progredir... um desespero, uma ânsia pelo despertar, um sufoco desesperador aguardando o amanhecer, esperando o porvir que nunca vem...
Tiago Elídio...

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

o mar...

Pedra que chora
Lygia Fagundes Telles

DEITEI-ME NA AREIA E FIQUEI OLHANDO O MAR.
O mar que não é nem verde nem azul nem masculino como figura na nossa língua nem feminino como está na língua francesa, nem macho nem fêmea, mas algo assim andrógino. Escapando ao rigor das classificações ele é a vida mas também pode ser a morte. Agressivo,sim,e ao mesmo tempo, envolvente. Sedutor - Ah, vamos deixá-lo com seus mistérios porque os mistérios são inexplicáveis.

Vejo as ondas crescendo lá longe e perdendo as forças na travessia até desaparecerem aqui nos meus pés, esboroadas em espumas. Tão parecidas umas com as outras, essa que edsapareceu há pouco aqui na areia é igual àquela outra que já vem chegando ansiosa. E que já vai se desfazer em espumas no milagre da repetição e renovação, sim, são múltiplas, mas a destinação é imutável. Efemeridade e permanência.

Gerações e gerações de ondas e de gente nascendo e morrendo no infinito do tempo. “Sonhos são espumas, quase nada”, disse o poeta. Vejo uma gaivota que baixou o vôo, me espiou curiosa e logo partiu desinteressada, resmungando na língua das gaivotas. Deve ter sido num mar assim esvaziado que aquele antigo Cancioneiro Popular entrou:

Eu entrei no mar adentro e fiz tanta maravilha
que o Rei mandou me chamar pra casar com sua filha.
O dote que o Rei me dava:Oropa, França e Bahia.

Afundo as mãos na areia úmida. Pelo visto, situada no litoral Sul de São Paulo, esta praia não estava incluída no famoso dote do Rei. Itanhaém, na língua Tupi dos índios, Pedra que Chora. Sabe Deus de onde teria chegado os índios a esta praia com rochas e pedras amontoadas em toda a sua extensão, as ondas invadindo e cobrindo essas pedras. Para retornarem de novo ao mar, num esforço tão arfante e lamurioso que os sons espumejantes foram compondo a música das águas, Pedra que Chora.

A curiosidade, característica do ser humano e das formigas, a curiosidade teria a fonte de inspiração desses índios na sede das descobertas, tanta vontade de ir mais longe, mais longe ainda e assim foram inventadas as pirogas, embarcações feitas de tronco de árvores escavadas a fogo e que talvez desvendassem aquela linha lá longe que separa o mar do céu.

Descobertas mais importantes? Essas só aconteceram com a chegada do Padre José Anchieta na aurora da colonização. Os selvagens ficaram em êxtase, mas o que significava aquilo? Aquele espanhol de saúde frágil, vestindo aquela sotaina gasta, com suas sandálias rotas e falando a mesma língua da terra, o que significava isso? Entendia-se com os velhos e com os curumins, amansava as feras e tinha com única arma a pequena cruz de madeira que levantava na mão tremente.

O Apóstolo do Brasil e poeta , fundador do primeiro colégio de Jesuítas denominado São Paulo de Piratininga, semente da cidade de São Paulo, essa padre José de Anchieta também andou descalço nestas areias. Ouviu as ondas espumejantes gemendo por entre as pedras quando ia descansar naquela pedra maior, um abrigo que ficou sendo chamado Cama de Anchieta. Mais tarde, nas praias do litoral norte iria escrever na areia os poemas em latim dedicados à Virgem Maria.

Veio o mar e apagou as marcas dos passos e dos poemas. O mesmo mar que chorou quando em 1597 ele morreu lá longe, no Espírito Santo, chorou o mar e choraram os selvagens com saudades do amigo-irmão.

Continuo aqui deitada e tenho que partir. Será que era neste mar que o Apóstolo do Brasil ia se confessar? Mas espera, os santos não precisam de mediadores porque se dirigem diretamente a Deus, nós é que precisamos. Nesta Pedra que Chora acabei de escrever uma
CONFISSÃO

- Fui me confessar ao mar.
- E o que ele disse?
- Nada.


sábado, 26 de janeiro de 2008

lucía y la vida...


Lúcia e o Sexo
Lucía y el Sexo
ano: 2001
país: França, Espanha
realização: Julio Medem
intérpretes: Paz Vega, Tristan Ulloa, Najwa Nimri
"Este é um conto de vantagens. A primeira vantagem é que, quando uma história acaba, ela não termina, cai num buraco. E a história começa de novo do meio. A segunda vantagem, e também a melhor, é que é possível mudar a história a qualquer momento. Se você me permitir. Se me der tempo."

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

human behavior...

If you ever get close to a human
and human behaviour
be ready to get confused

there's definitely no logic
to human behaviour
but yet so irresistible

there is no map
to human behaviour

they're terribly moody
then all of a sudden turn happy
but, oh, to get involved in the exchange
of human emotions is ever so satisfying

there's no map and
a compass
wouldn't help at all

human behaviour

Björk...

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

furacão...

o vento estava vindo em sua direção... à princípio aquela brisa fresca lhe causou uma sensação de conforto... era como uma mão lhe fazendo um carinho em seu rosto... mas o vento foi se tornando cada vez mais forte... era como se um furacão estivesse se formando ali à frente e ele logo faria parte daquilo... sentiu um certo medo, pois não sabia o que ia acontecer, o que seria dele depois que esse turbilhão passasse por sua vida... mas permaneceu parado, não conseguia se mover... no fundo, queria que o atingisse, queria fazer parte de algo agitado, intenso... e não demorou para que aquilo o envolvesse, embora para ele tivesse sido como um filme em câmera lenta... mas finalmente estava sentindo, fechou os olhos e sentiu seu corpo arrepiar, dando-lhe uma sensação de êxtase que nunca havia vivenciado... sentiu-se voando, livre... e seu corpo sentindo um prazer indescritível... algo que só se pode sentir... então, sentiu seus pés no chão novamente... abriu os olhos e sorriu...
Tiago Elídio...

domingo, 13 de janeiro de 2008

cosas tiernas...

Farofa Empolgada diz:
oi tiago eu tenho que tarjar agora
Tiago... diz:
tarjar?
Farofa Empolgada diz:
falé bom?
Farofa Empolgada diz:
cenar
Tiago... diz:
jaajja
Tiago... diz:
que lindo
Tiago... diz:
que fofo
Farofa Empolgada diz:
no te rias
Farofa Empolgada diz:
dime cómo tengo que decir
Tiago... diz:
é jantar!
Tiago... diz:
que fofo! =D
Farofa Empolgada diz:
aaaaaaahhhhhhhhh
Farofa Empolgada diz:
no te rias
Farofa Empolgada diz:
jantar!!!!!
Tiago... diz:
pero es tierno
Farofa Empolgada diz:
pinche ´palabra!!!
Farofa Empolgada diz:
ta bom
Tiago... diz:
pero muy bien
Tiago... diz:
hablaste parecido
Farofa Empolgada diz:
eu voi jantar

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

juventude...

está escorregando... está escorregando... cada vez mais forte... cada vez mais depressa... é como se estivesse tentando segurar porções de água em suas mãos, mas elas escapam... fogem... não há como evitar... por mais que se tente agarrar, passam pelos pequenos vãos entre os dedos... e se vão... por um momento ainda resta uma suavidade e um frescor... mas estes também se vão... ficam somente as lembranças... não é possível colocar mais água nas mãos e sentir todas aquelas sensações novamente... tudo se torna vão...
Tiago Elídio...

letras... palavras... carinho...

¤ ΔŁĭŋЄ §ĭQµЄĭяΔ ¤ diz:
olha que engraçada que eh essa musica
¤ ΔŁĭŋЄ §ĭQµЄĭяΔ ¤ diz:
It must be the colors
And the kids
That keep me alive
'Cause the music is boring me to death
Tiago... diz:
huahuauhauh
¤ ΔŁĭŋЄ §ĭQµЄĭяΔ ¤ diz:
ai olha que linda essa parte
¤ ΔŁĭŋЄ §ĭQµЄĭяΔ ¤ diz:
pra vc]
¤ ΔŁĭŋЄ §ĭQµЄĭяΔ ¤ diz:
'Cause I wanna go ride away
To a January night
Built a shack with an old friend
He was someone I could learn from
Someone I could become
Tiago... diz:
huauhahua
Tiago... diz:
linda
¤ ΔŁĭŋЄ §ĭQµЄĭяΔ ¤ diz:
Will you meet me down
On a sandy beach
We can roll up our jeans
So the tide won't get us below the knees

...


¤ ΔŁĭŋЄ §ĭQµЄĭяΔ ¤ diz:
I could stay here
Become someone different
I could stay here
Become someone better
¤ ΔŁĭŋЄ §ĭQµЄĭяΔ ¤ diz:
fiquei arrepiada com essa parte
¤ ΔŁĭŋЄ §ĭQµЄĭяΔ ¤ diz:
olha, essa parte perfeita pra hoje
¤ ΔŁĭŋЄ §ĭQµЄĭяΔ ¤ diz:
it must just be the colors
And it must just be the kids
That keep me alive on this January night.
Tiago... diz:
mt bonita msm! =D

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

years...

100 Years
Five For Fighting


I'm 15 for a moment
Caught in between 10 and 20
And I'm just dreaming
Counting the ways to where you are
I'm 22 for a moment
She feels better than ever
And we're on fire
Making our way back from Mars
15 there's still time for you
Time to buy and time to lose
15, there's never a wish better than this
When you only got 100 years to live
I'm 33 for a moment
Still the man, but you see I'm a they
A kid on the way
A family on my mind
I'm 45 for a moment
The sea is high
And I'm heading into a crisis
Chasing the years of my life
15 there's still time for you
Time to buy, Time to lose yourself
Within a morning star
15 I'm all right with you
15, there's never a wish better than this
When you only got 100 years to live
Half time goes by
Suddenly you're wise
Another blink of an eye
67 is gone
The sun is getting high
We're moving on...
I'm 99 for a moment
Dying for just another moment
And I'm just dreaming
Counting the ways to where you are
15 there's still time for you
22 I feel her too
33 you're on your way
Every day's a new day...
15 there's still time for you
Time to buy and time to choose
Hey 15, there's never a wish better than this
When you only got 100 years to live

domingo, 6 de janeiro de 2008

coração iluminado...

Coração Iluminado / Corazón Iluminado
País: Brasil/ Argentina/ França
Ano: 1996
Duração: 132 min.
Diretor: Hector Babenco
Elenco: Miguel Angel Solá, Maria Luísa Mendonça, Xuxa Lopes, Norma Aleandro, Walter Quiroz. Produção: Hector Babenco, Francisco Ramalho Jr.
Roteiro: Hector Babenco, Ricardo Piglia
Fotografia: Lauro Escorel
Trilha Sonora: Zbigniew Preisner

O diretor Hector Babenco nos traz a história de Juan, jovem de 17 anos que conhece Ana, uma diferente mulher... Ambos compartilham uma certa incompreensão por parte das pessoas que os cercam... E acabam se apaixonando um pelo outro... Uma paixão intensa e também perigosa... Que os persegue por toda a vida... Mas são poucos os que conseguem enxergar e entender os corações iluminados...

sábado, 5 de janeiro de 2008

eso que llevas...

Eso que llevas ahí
Fito Páez

Lo importante no es llegar
lo importante es el camino
yo no busco la verdad
sólo se que hay un destino.

Y eso que llevas en tu corazón
y eso que llevas ahí
y eso que llevas en tu corazón
quizás también te hará reír.

Lo importante es amar
tan inmenso es el abismo
lo importante es desear
y no ser un muerto-vivo.

Cabalgué solo en la oscuridad
de las crinas de un caballo malo
te di amor hasta el fondo del mar
y lloré entre las flores de mayo.

Sólo una oportunidad
sólo hay un solo tiro
yo nací en una ciudad
de allí también son mis hijos.

Y eso que espera en tu corazón
y eso que espera salir
y eso que espera en tu corazón
tal vez un día te hará feliz.

Conocí una muchacha de miel
con aceros reforzó la casa
no dejó entrar a nadie después
sin querer me devolvió mi alma.

Lo importante no es quedar
que todo pende de un hilo
lo importante somos vos y yo
y el amor que construimos.

Y eso que llevas en tu corazón
y eso que espera salir
y eso que sangra en tu corazón
confiá también te hará feliz.

Canción, canción, canciones de liberación

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Cais...

Cais
Composição: Milton Nascimento/Ronaldo Bastos


Para quem quer se soltar invento o cais
Invento mais que a solidão me dá
Invento lua nova a clarear
Invento o amor e sei a dor de me lançar
Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim o sonhador
Para quem quer me seguir eu quero mais
Tenho o caminho do que sempre quis
E um saveiro pronto pra partir

Invento o cais
E sei a vez de me lançar